O Papa Francisco emocionou fiéis na manhã deste domingo de Páscoa (20) ao surgir na sacada da Basílica de São Pedro, no Vaticano, para abençoar as milhares de pessoas que lotaram a praça central da Cidade do Vaticano. Em meio à recuperação de uma pneumonia dupla que quase lhe custou a vida, o pontífice, de 88 anos, apareceu visivelmente fragilizado, mas foi recebido com calorosos aplausos e gritos de “Viva il Papa!”.
“Irmãos e irmãs, Feliz Páscoa!”, declarou o papa, com a voz um pouco mais forte, ainda que marcada pelo esforço evidente para falar.
Embora não tenha celebrado a tradicional Missa de Páscoa, missão que coube ao cardeal Angelo Comastri, arcipreste emérito da basílica, Francisco permaneceu por mais de 20 minutos na sacada, abençoando a multidão e acompanhando a leitura da sua tradicional mensagem pascal, feita por um arcebispo do Vaticano.
No texto, o papa fez um apelo global pela paz, mencionando conflitos que assolam diversas partes do mundo. Em tom firme, apesar da condição de saúde, Francisco pediu o fim das hostilidades na Ucrânia, em Gaza, no Congo, em Mianmar e em outras regiões.
“Que o Cristo ressuscitado conceda à Ucrânia, devastada pela guerra, seu dom pascal de paz”, dizia o discurso. “Neste ano jubilar, que a Páscoa também seja uma ocasião propícia para a libertação de prisioneiros de guerra e prisioneiros políticos”.
A celebração deste ano coincidiu com a Páscoa dos cristãos ortodoxos, algo raro no calendário religioso. A data também foi marcada pelo anúncio de uma trégua temporária da Rússia no conflito contra a Ucrânia.
Antes de seguir para a sacada, o papa recebeu rapidamente o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, que passava a Páscoa com a família em Roma. Segundo o Vaticano, o encontro durou poucos minutos e teve caráter protocolar, com uma troca de cumprimentos pascais.
Recuperação lenta, mas simbólica
Desde que recebeu alta hospitalar, em 23 de março, após 38 dias internado, Francisco tem evitado aparições públicas. Ele não participou das celebrações da Sexta-feira Santa nem da Vigília Pascal. A expectativa, no entanto, já era de que ele fizesse ao menos uma breve aparição neste domingo.
A saúde do pontífice inspira cuidados. Sob orientação médica, ele reduziu drasticamente seus compromissos e se dedica a um período de dois meses de convalescença, com sessões de fisioterapia respiratória para reverter os danos pulmonares. Ainda com dificuldades para respirar e falar com clareza, o papa vem sendo cauteloso com a retomada gradual de suas funções.
Apesar das limitações físicas, Francisco tem mantido uma postura pastoral ativa. Na última Quinta-feira Santa, visitou a prisão central de Roma, onde celebrou a data com os detentos — um gesto que reafirma seu compromisso com os mais vulneráveis.
Neste domingo, a imagem do papa na sacada, cercado por flores e envolto em aplausos, foi mais do que simbólica: um sinal de resistência, fé e esperança em tempos de provação — tanto para ele quanto para o mundo.