O Papa Francisco, ainda em processo de recuperação após uma grave pneumonia, compartilhou neste domingo (30) uma mensagem especial aos fiéis, durante a tradicional oração do Angelus. Sem participar presencialmente na Praça de São Pedro, no Vaticano, o pontífice abordou o significado da Quaresma, falou sobre sua própria experiência de cura e renovou seu apelo pelo fim dos conflitos em diferentes partes do mundo.
Em sua reflexão, Francisco citou a passagem bíblica do filho pródigo para ilustrar a misericórdia divina e o chamado ao amor fraterno. “Jesus lhes conta (aos fariseus) a história de um pai que tem dois filhos: um deles se afasta, cai na pobreza e retorna arrependido, sendo recebido com alegria. O outro, mesmo obediente, recusa-se a participar da festa. Assim, Jesus revela o coração de Deus: sempre misericordioso para com todos. Ele cura nossas feridas para que possamos amar uns aos outros como irmãos”, escreveu o Papa.
Francisco também fez uma conexão entre essa mensagem e sua própria condição de saúde. “Eu também estou vivendo isso, na alma e no corpo. Agradeço de coração a todos aqueles que, à imagem do Salvador, são instrumentos de cura para os outros com suas palavras e com seu conhecimento, com o carinho e com a oração”, disse.
Ao falar sobre as dificuldades enfrentadas durante sua internação, o Papa ressaltou que a fragilidade é um fator que une toda a humanidade. “A fragilidade e a doença são experiências que nos unem a todos; razão ainda maior, porém, somos irmãos na salvação que Cristo nos doou”, declarou.
O pontífice também reforçou seu apelo por paz, pedindo orações pelas regiões atingidas por conflitos. “Confiando na misericórdia de Deus Pai, continuamos a rezar pela paz na martirizada Ucrânia, na Palestina, em Israel, no Líbano, na República Democrática do Congo e em Mianmar, que também sofre muito com o terremoto”, disse, mencionando ainda a necessidade de negociações de paz no Sudão.
Recuperação e expectativa para a Páscoa
Internado por 38 dias devido a um quadro grave de pneumonia dupla, Francisco recebeu alta na semana passada e segue em recuperação na Casa Santa Marta, no Vaticano. De acordo com o cirurgião Sergio Alfieri, responsável por seu tratamento, a evolução tem sido surpreendente. “Acredito que ele voltará, se não a 100%, a 90% do que era antes”, afirmou o médico.
Durante sua saída do hospital, o Papa apareceu visivelmente fragilizado, com voz enfraquecida e dificuldades para erguer o braço ao abençoar os fiéis. No entanto, seguiu demonstrando esperança e bom humor. Alfieri destacou que a voz do pontífice tem recuperado a força e que sua necessidade de oxigênio suplementar diminuiu.
Com a melhora de sua saúde, a expectativa é que Francisco possa presidir as celebrações da Páscoa, marcadas para o próximo dia 20 de abril. Apesar da fragilidade, o Papa tem mantido sua agenda de compromissos, demonstrando determinação em seguir exercendo seu ministério.