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Papa Francisco afirma que homossexualidade não é crime

Pontífice, no entanto, diz que é pecado, mas que a falta de caridade com o próximo também o é

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**O papa Francisco classificou as leis que criminalizam a homossexualidade como “injustas”.*8 Em entrevista à agência de notícias Associated Press nesta terça-feira (24), ele disse que Deus ama todos os seus filhos como eles são e pediu aos bispos católicos que apoiam leis contrárias que recebam as pessoas LGBT+ na Igreja Católica. **Segundo o pontífice argentino, ser homossexual não é crime, mas é pecado.**

**O papa reconheceu ainda que os bispos católicos em algumas partes do mundo apoiam leis que criminalizam a homossexualidade ou discriminam a comunidade LGBTQ, chamando a homossexualidade de “pecado”.** Ele atribuiu essas atitudes a contextos culturais e disse que os bispos em particular também devem passar por um processo de mudança para reconhecer a dignidade de todos. **”O bispo também tem um processo de conversão”**, disse ele, acrescentando que devem mostrar “ternura, por favor, ternura, como Deus tem com cada um de nós.”

**Cerca de 67 países ou jurisdições em todo o mundo criminalizam relações consensuais entre pessoas do mesmo sexo, e 11 deles podem ou carregam a pena de morte**, de acordo com o _The Human Dignity Trust_, que está trabalhando para acabar com essas leis. Especialistas apontam que mesmo quando as leis não são cumpridas, elas contribuem para o assédio, estigma e violência contra pessoas LGBT+.

Francisco disse ainda, durante a entrevista, que quando se trata de homossexualidade, uma distinção deve ser feita entre crime e pecado. **”Ser homossexual não é crime”, disse ele. “Não é crime. Sim, mas é pecado. Bem, primeiro vamos distinguir pecado de crime. Mas a falta de caridade para com o próximo também é pecado”**, afirmou o pontífice.

**A doutrina católica indica que, embora os homossexuais devam ser tratados com respeito, os atos homossexuais são “intrinsecamente desordenados”.** Francisco não mudou essa posição, embora tenha feito do alcance da comunidade LGBT+ uma das características de seu papado.

**Nos Estados Unidos, mais de dez Estados ainda têm leis contra a sodomia em suas legislações, apesar de uma decisão da Suprema Corte de 2003 que as declarou inconstitucionais.** Os defensores dos direitos LGBT+ dizem que essas leis desatualizadas estão sendo usadas para assediar homossexuais e apontam para novas regras como a chamada regra _Don’t Say Gay_ na Flórida, que proíbe orientação sexual e educação de identidade de gênero entre o jardim de infância e a terceira série, como **evidência dos esforços contínuos para marginalizar as pessoas LGBT+**.

**As Nações Unidas têm repetidamente pedido o abandono das leis que criminalizam a homossexualidade e afirmam que elas violam os direitos à privacidade e à liberdade contra a discriminação**, além de descumprirem as obrigações desses países sob o direito internacional de proteger os direitos humanos de todos, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero.

Francisco declarou ainda que essas regras são “injustas” e disse que a Igreja Católica pode e deve trabalhar para acabar com elas “Eles precisam, eles precisam”, disse. Ele citou o catecismo da Igreja Católica para apontar que os homossexuais devem ser acolhidos e respeitados, e não devem ser marginalizados ou discriminados. **”Somos todos filhos de Deus e Deus nos ama como somos e com a força que cada um de nós luta por nossa dignidade”**, disse Francisco, que falou à AP no hotel do Vaticano onde mora.