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Papa diz que Lula foi condenado sem provas e que Dilma tem “mãos limpas”

Declarações de Francisco foram dadas a um canal de TV da Argentina antes de sua internação. Ele teve alta neste sábado

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O papa Francisco disse, em entrevista ao canal de TV argentino C5N e veiculada nesta sexta-feira (31), que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado sem provas.

 

“O caminho é aberto com os meios de comunicação. Deve-se impedir que este chegue a tal posto. Então o desqualificam e metem sobre ele a suspeita de um delito. E fazem todo uma denúncia criminal, uma denúncia enorme, onde não se encontram [provas]. Mas para condená-lo basta mostrar o tamanho da denúncia. Onde está o delito? Aqui? Sim, parece que sim. Assim foi condenado Lula”, disse.

 

Na mesma entrevista, o papa afirmou que a ex-presidente Dilma Rousseff sofreu o impeachment, mesmo sendo inocente. “O que aconteceu com Dilma? Uma mulher de mãos limpas, mulher excelente”, disse o pontífice, logo após falar sobre Lula.

 

Segundo ele, é preciso que a sociedade levante a voz e aponte as irregularidades em situações como essas. O pontífice disse ainda que os políticos têm uma missão de desmascarar uma “justiça que não é justa”. Para o papa, juízes podem criar jurisprudências, mas isso deve ser feito sempre de forma “harmônica com o direito”.

 

O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, compartilhou a entrevista nas redes sociais. “Em entrevista, Papa Francisco comenta manipulação do sistema judiciário que fizeram no Brasil, diz que condenaram o presidente Lula sem provas e que a presidenta Dilma é uma mulher exemplar, de ‘mãos limpas’”.

 

Alta médica

A entrevista foi gravada antes da internação do pontífice. O papa Francisco, de 86 anos, recebeu alta do Hospital Gemelli, em Roma, na Itália, na manhã deste sábado (1), após ter sido internado na quarta-feira (29), para tratamento de bronquite. Antes de deixar o local, ele abraçou um casal cuja filha havia morrido na noite de sexta-feira (31), no hospital e assinou o gesso de um menino. “Não tive medo, ainda estou vivo”, disse ele a repórteres, antes de deixar o local.

 

O Vaticano confirmou que o pontífice estará na Praça de São Pedro para a missa do Domingo de Ramos, que marca o início da Semana Santa, e que ele presidirá as celebrações da Semana Santa.

 

Antes de ser internado para exames, o papa havia reclamado de dificuldades para respirar. Ele teve parte de um pulmão removido quando jovem. Comunicado do Vaticano informou, posteriormente, que os exames apontaram uma “infecção respiratória (infecção por covid-19 excluída)” que exigiria alguns dias de tratamento médico. Ele foi tratado com antibióticos administrados por via intravenosa, acrescentou o comunicado.

 

Na sexta-feira, 31, em seu perfil no Twitter, o papa escreveu que estava “comovido” com as “muitas mensagens” recebidas enquanto esteve internado e expressou sua “gratidão pela proximidade e oração”. (Com Dow Jones Newswires, Estadão Conteúdo e Agência Brasil).