O futuro das cidades em debate. Os desafios e metas para um futuro próximo e a perspectiva de um mundo sustentável. Oscar Niemeyer não viveu a tempo de atuar nesta equação acerca do planeta, mas seu bisneto, sim. E é exatamente ele, Paulo Niemeyer, quem assume este ofício com a criação e itinerância do Fórum Mundial Niemeyer, em sua terceira edição, desta vez realizada na capital federal.
“Este fórum não se restringe à arquitetura e Niemeyer. Vamos criar um pensamento sobre arte, cultura, filosofia e, principalmente, humanidade”, disserta o idealizador, agradecendo o apoio de primeira hora ao secretário de Turismo, Cristiano Araújo.
Após Rio de Janeiro e São Paulo, em Brasília o FMN foi recebido com exuberância. Nas dependências do Palácio do Itamaraty, cerca de 150 convidados abriram os trabalhos do encontro, que se estende até dia 3 de maio. Autoridades locais, diplomatas, empresários, acadêmicos e influentes do segmento de arquitetura e urbanismo compareceram à cerimônia.
“Imensa satisfação em apoiar este encontro, pois a sua realização aqui mostra respeito à nossa história e essência. Eu cresci aqui e aqui tive todas as oportunidades”, ressalta Araújo.
Este ano, o Fórum abraça o desafio de explorar a “Revolução Pós”, enfrentando os desafios e delineando metas para um mundo sustentável. “Nos sabemos o que é viver numa cidade tombada e em um patrimônio. Isso aumenta a nossa responsabilidade e entender que patrimônio são pessoas, a maior joia e riqueza de Brasilia”, afirma Leandro Grass, presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O tema em pauta será desdobrado em uma programação diversificada que contempla áreas como arquitetura, design, sustentabilidade urbana e questões sociais contemporâneas e suas reflexões.
“O Fórum chega no momento oportuno. De debater os próximos anos da cidade, o plano urbanístico e o tombamento dessa cidade extraordinária. Reviver Niemeyer é fundamental para programar o nosso futuro”, enfatiza o empresário Paulo Octávio, um dos patrocinadores do evento.
Paulo Octávio, Salviano Guimarães e Maria Alice Guimarães Borges
Ao longo dos dias vindouros, palestras internacionais discutirão estratégias inovadoras para transformar desafios urbanos em oportunidades, além de debates que promoverão discussões práticas, bem como aplicação de ideias. Ao final, Paulo Niemeyer criará um documento que será apresentado à ONU-Habitat, comprometendo-se a moldar o futuro das cidades de maneira sustentável e inclusiva.
Antes de dirigirem-se todos para o coquetel de Renata La Porta em meio ao jardim externo com paisagismo de Burle Marx e a escultura Duas Amigas, de Alfredo Ceschiatti, Paulo encerrou seu discurso lendo uma carta que seu bisavô escreveu a um redator de jornal sobre as eleições presidenciais à época da Brasilia recém-nascida.
Carta de Niemeyer
“Quando falo de Brasília quase sempre aconselho a conversar com seus moradores, pois a grande maioria dela não quer sair… a vida tranquila, o ambiente sadio e acolhedor como não acontece em outras cidades… e dizer apenas que Brasília cumpre o seu destino… e o esforço fantástico dos que a construíram em apenas quatro anos e que nela colaboraram milhares de brasileiros, a maioria vindos das áreas mais pobres do País. Todos preocupados em manter o prazo e fazer uma cidade feliz”. Oscar Niemeyer.
Bons companheiros
Entre os participantes ilustres, as presenças dos quatro arquitetos que compuseram a equipe de Niemeyer no avanço da capital ao longo dos anos. Eles também o acompanharam em missões internacionais, assinando consagrados projetos. Veja seus depoimentos ao GPS:
“Amigos que participaram da vida de Niemeyer e tem a oportunidade hoje de rever a história e esta saga inenarrável”, Salviano Guimarães.
“Crescemos nesta escola chamada Brasília. Chegamos aqui e não tinha um desenho oficial. Seguíamos pelo Plano Piloto com o croqui da cidade na mao”, rememora Walter Makhohl
“Quando cheguei aqui em Brasília não tinha nenhuma árvore maior que eu. E hoje eu vivo na cidade parque. Fico embevecido, especialmente quando vou a outras cidades”, Professor Cláudio Queiroz
“O Fórum é também um encontro de colegas arquitetos que nos representam em todo o mundo. Isso corrobora o orgulho que é Brasília a todos nós brasileiros”, Haroldo Pinheiro Villar de Queiroz
Quem é Paulo Niemeyer?
Arquiteto e artista visual proeminente com mais de 20 anos de mercado. Filho da arquiteta Ana Elisa Niemeyer e bisneto do icônico arquiteto Oscar Niemeyer, ele traz consigo uma rica herança cultural. Colaborando desde cedo com seu bisavô, Paulo participou de projetos marcantes, tanto no Brasil quanto no exterior. Além disso, ele é presidente do Instituto Niemeyer, dedicado a promover projetos inspirados na filosofia de Oscar Niemeyer.
Serviço
3º Fórum Mundial Niemeyer
Até 3 maio – no Instituto Serzedello Corrêa, Brasília – DF
Ingressos – Sympla
