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Pacote fiscal do governo gera críticas e mercado reage com pessimismo e alta do dólar

Medidas de ajuste não convencem analistas, e embate com Banco Central ganha força

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta intensas críticas do mercado financeiro após o anúncio de um pacote fiscal que, segundo economistas, não é suficiente para estabilizar a dívida pública. O cenário econômico se agrava com a alta do dólar, que alcançou R$ 6 nesta semana, refletindo o pessimismo em relação às medidas fiscais e a deterioração das relações entre o governo e o Banco Central (BC).

Impacto limitado do pacote fiscal

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentou minimizar as preocupações, afirmando que o “ruído” em torno da reforma do Imposto de Renda contribuiu para a volatilidade recente. O pacote fiscal prevê um corte de R$ 327 bilhões até 2030, mas analistas destacam que o impacto no curto prazo será significativamente menor. Para 2025 e 2026, o efeito pode ser quase 40% inferior ao estimado pelo governo, o que reforça a necessidade de receitas adicionais para lidar com o crescimento das despesas obrigatórias.

Deterioração da relação com o Banco Central

Paralelamente, o atrito com o Banco Central se intensifica. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, acusou a direção do BC de boicotar o governo e criar instabilidade. “Estamos em contagem regressiva para um BC mais alinhado com os interesses do Brasil”, afirmou, referindo-se às indicações de novos nomes para a diretoria da instituição nos próximos dias, uma tentativa do governo de influenciar as decisões futuras.

O líder do PT na Câmara, Odair Cunha, também criticou o BC, apontando a falta de intervenção no câmbio como “omissão” e “sabotagem contra o Brasil”. A desvalorização do real, que acumulou queda de 19,1% em 2024, alimenta o ceticismo. O aumento da moeda americana impacta diretamente a inflação e os custos de importação, criando um novo ponto de pressão para a equipe econômica.

Mercado financeiro mantém ceticismo

Especialistas apontam que, embora o pacote fiscal contenha ajustes relevantes, ele não resolve os riscos fiscais de longo prazo. Marcos Mendes, do Insper, avaliou as medidas como tímidas e insuficientes para gerar confiança. O mercado considera que a ausência de um plano mais robusto para conter o crescimento da dívida pública amplia as incertezas, contribuindo para a alta do dólar e a volatilidade no mercado financeiro.

Desafios do governo Lula

Apesar de classificar o pacote como “extraordinário”, o presidente Lula enfrenta um cenário econômico desafiador, com a combinação de desvalorização cambial, inflação crescente e atritos políticos. A pressão sobre o governo aumenta à medida que os efeitos das políticas anunciadas demoram a surtir impacto positivo, enquanto o dólar a R$ 6 se torna um símbolo do pessimismo com o futuro da economia brasileira.

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