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Outubro Rosa: como preservar a fertilidade durante o tratamento de câncer

A criopreservação oferece esperança para mulheres diagnosticadas com a enfermidade

O Outubro Rosa é um mês de conscientização sobre o câncer de mama, o tipo de câncer que mais acomete mulheres no Brasil. Em 2024, a expectativa é de 73.610 novos casos, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Em meio à luta pela vida, mulheres em idade reprodutiva enfrentam um desafio adicional: o impacto dos tratamentos oncológicos na fertilidade.

A quimioterapia e a radioterapia, essenciais para a cura, são extremamente agressivas às células reprodutivas femininas. “Esses tratamentos podem causar infertilidade, levando muitas mulheres a enfrentar menopausa precoce”, afirma o médico Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana e membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM).

Entretanto, existe uma solução: a criopreservação, técnica que permite congelar óvulos ou até tecido ovariano antes do início do tratamento. “Essa é a principal opção para quem deseja ter filhos no futuro, mesmo após a cura”, explica o Dr. Prado. O processo envolve a estimulação dos ovários, coleta e congelamento dos óvulos. “Tudo pode ser feito em cerca de 10 a 15 dias, sem atrasar significativamente o tratamento oncológico”, garante o especialista.

Mesmo em meninas ou adolescentes, cuja produção de óvulos ainda não começou, há alternativas. É possível congelar fatias do tecido ovariano, que contêm óvulos imaturos. “Esse tecido pode ser reimplantado mais tarde, dando a chance de uma gravidez futura”, explica o Dr. Prado.

Além do congelamento de óvulos e tecido ovariano, o congelamento de embriões é uma opção para mulheres com parceiros. O procedimento é semelhante ao da fertilização in vitro, e os embriões podem ser armazenados para uma futura gravidez.

Uma decisão importante do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 2023 trouxe alívio para muitas pacientes: planos de saúde devem cobrir os custos do congelamento de óvulos em pacientes com câncer de mama. O procedimento, que envolve medicamentos, coleta de óvulos e armazenamento, pode ser caro, e essa medida garante mais acessibilidade às mulheres em tratamento oncológico.

A criopreservação oferece uma chance real de sucesso. “As taxas de descongelamento e fertilização de óvulos são altas, chegando a 75% para mulheres com menos de 38 anos”, diz o Dr. Rodrigo. Além disso, estudos comprovam que bebês gerados a partir de óvulos congelados não apresentam maior risco de defeitos congênitos.

Apesar do cenário desafiador, os médicos reforçam a importância de discutir a preservação da fertilidade com suas pacientes. “Preservar essa possibilidade para o futuro pode trazer conforto em um momento tão delicado”, conclui Fernando Prado.

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