**_O Incrível Exército de Brancaleone_** (L’armata Brancaleone/Itália, 1966, direção: Mario Monicelli), um _clássico_ da antologia de filmes italianos, vez por outra é inspiração para dezenas de filmes que tem em suas histórias um _squad_ (esquadrão) com membros disfuncionais, **bem humorados** e desengonçados, que em nada correspondem ao perfil que “se espera” de homens fortes, honrados e dispostos a tudo na luta por uma boa causa, ou… _às vezes nem tão boa assim!_
**O Esquadrão Suicida** apresenta um time nesses moldes: são todos **super-vilões**, que estão encarcerados em prisões de segurança máxima, e são convocados pelo governo americano (em troca da diminuição de suas penas), para combater um projeto _ultra-secreto_, que ameaça a segurança do mundo. É um artefato que está sendo desenvolvido por um cientista maluco há mais de vinte anos.
O projeto se encontra em uma pequena ilha fictícia na costa da América do Sul, cujo governo foi tomado pelos militares, que agora controlam com mãos de ferro e **artilharia pesada** a fortaleza onde se encontra o cientista e seus experimentos.
O Esquadrão Suicida é formado por super-vilões: o **Sanguinário** (Idris Elba), o **Pacificador** (John Cena), o **Coronel Rick Flagg** (Joel Kinnaman), e pela nossa psicopata preferida, a **Arlequina** (Margot Robbie). Um grupo de **novatos**, também encarcerados, exóticos e pra lá de bizarros, são convocados para lutar ao lado do Esquadrão: o **Bolinha** (David Dastmalchian), a **Caça-Ratos 2** (Daniela Melchior) e o tubarão **Nanaue** (com a voz de Sylvester Stallone) completam o time.
![Foto: Divulgação](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/O_Esquadrao_Suicida_Foto_01_d6cc7b72ff.jpg)
Seus superpoderes são tão _peculiares_ que ficamos curiosos para entender qual é a sua utilidade numa guerra. A Caça Ratos 2, por exemplo, tem o poder de **controlar centenas de ratazanas**, enquanto o Bolinha **dispara bolinhas coloridas**, cada uma delas com um poder especial de destruição.
Aos poucos vamos entendendo a razão de eles terem se transformado em super-vilões, e acreditem, vocês correm o risco de, nesse caminho, **cair de amores** por esses personagem bem malvados. Suas histórias pregressas são contadas em _flashbacks_, e essas histórias revelam a origem de suas _vilanidades_ e a consequente deterioração do lado doce e humano de cada um deles.
O diretor **James Gunn** (especialista em personagens e ações bizarras, como as que vemos nos filmes Guardiões da Galáxia 1 e 2 – meus preferidos do universo Marvel) obteve _carta branca_ para realizar seu filme livre de quaisquer amarras impostas pelos grandes estúdios, que travam uma guerra pelo sucesso dos heróis & personagens dos quadrinhos **Marvel vs. DC**. Essa liberdade contribuiu (e muito!) para a realização de um filme **insano, divertido e eletrizante**!
O diretor conduz o filme com tal _liberdade_ que não conseguimos prever quem morrerá ou quem vai se salvar. Gunn joga com a **imprevisibilidade** durante todo o longa, nos deixando ligados direto na tomada! Não economiza nas **cenas grotescas e anárquicas**, chutando o balde da insanidade, com jorros de sangue caudalosos e **imagens fortes**, livre para trabalhar **com a sua imaginação à solta**, _sem censura_.
E tem algo na narrativa que me chamou muito à atenção: Gunn **evita** a todo custo a moral **maniqueísta** do confronto do bem contra o mal, que geralmente é a _tônica_ em filmes de super-heróis. Mas tudo isso ele faz _sem abrir mão de seu estilo e sem perder jamais o humor_.
É fácil aceitarmos a fantasia em **O Esquadrão Suicida**: primeiro por que as super-cenas de ação acontecem aqui, **próximo da gente** (numa pequena ilha fictícia), e não nas galáxias ou em qualquer outro universo distópico; depois, por que o filme nos faz sentir o **tempo de ação** da história igual ao nosso tempo do planeta Terra e não uma travessia em universos paralelos, onde tempo e espaço se confundem; e por último nos identificamos de imediato com O Esquadrão Suicida quando reconhecemos que os super-heróis-vilões _são mais parecidos conosco do que pensávamos ser_, e que no fundo do peito de cada um deles também bate um coração.