Mercado em ebulição. Convergência geracional. Espaço para os autônomos. Transformações sociais. E o olhar para o Brasil regional numa visão intercontinental. Este é o saldo da mais relevante feira de arte e design da América Latina, a SP–Arte, que se prepara para as comemorações de seu vigésimo ano.
Em sua segunda versão pós pandemia, claramente a atmosfera foi outra. Já no primeiro dia, dedicado a convidados, colecionadores e imprensa, a euforia trazia o prelúdio dos quatro dias que se seguiriam. Ao total, foram 167 expositores, das quais 85 galerias de arte nacionais, 15 galerias de arte internacionais e 45 expositores de design, além de 14 editoras, oito instituições culturais e espaços autônomos.
O que mais deixou à vontade os entusiastas foi a identificação de diversas manifestações bem representadas numa integração de nomes representativos da arte brasileira até artistas jovens e suas novas linguagens e propostas autorais, sendo contempladas não somente em pintura, mas também em tapeçaria, esculturas, instalações, fotografias, arte urbana. Um frescor que tira a afetação da arte sem excluí-la de sua nobreza.
“A SP–Arte tem em seu DNA o olhar para diversas gerações de artistas, dos que estão despontando no mercado e iniciando sua carreira, aos já consolidados no circuito. A feira tem um cuidado com a excelência e firma-se não apenas como motor de dinamização e renovação do mercado”, pontua Fernanda Feitosa, fundadora e diretora da SP–Arte.
No Prédio da Bienal, obra de arte de concreto e curvas assinada por Oscar Niemeyer, dois andares concentraram o melhor da arte contemporânea alinhada harmoniosamente com obras-primas modernistas do Brasil e diversos países da America latina. Mas Fernanda também expandiu o olhar a outros estados do País.
Distrito Federal, Pernambuco, Minas Gerais como exemplos, totalizando 22 cidades. De Brasília, a veterana marchand Onice Moraes levou sua Referência Galeria de Arte com 32 obras de artistas do Centro-Oeste. Com destaque para João Angelini, de Planaltina, e Francisco Galeno. Este último, piauiense radicado em Brazlândia, teve seus dois quadros expostos integrados à seleção de obras nas visitas guiadas oferecidas pela mostra.
Arena Iguatemi
Um dos espaços mais disputados da feira sempre é a Arena Iguatemi, local absolutamente acessível e despretensioso, onde pode-se fazer uma pausa para recarregar o celular, tomar uma Chandon e comer docinhos. E esperar o momento em que curadores e artistas promovem o projeto Talks, um bate-papo diário entre eles sobre as diversas vertentes deste mercado. Verdadeiras aulas de saberes sob comando dos experts Jacopo Crivelli Visconti, Ana Carolina Ralston e Felipe Molitor.
As lojinhas
Essa é aquela hora em que torna-se irresistível levar uma lembrancinha para casa. MASP (Museu de Arte de São Paulo), Instituto Inhotim e IAC (Instituto de Arte Contemporânea) levaram suas lojas com objetos de design e múltiplos de arte especialmente selecionados para o evento.
Os mobiliários
Neste ano, a feira celebrou o crescimento de 30% do setor em relação à edição passada, reunindo 45 expositores com grandes nomes do mobiliário brasileiro. ETEL, ,ovo, Atelier Hugo França, Passado Composto Século XX e Teo foram alguns dos nomes que marcam presença no setor, além dos estreantes: FAS, Guto Requena e Porfirio Valladares.
Adoráveis editoras
Este é o corredor do conhecimento. Impossível não se perder diante das ofertas de títulos de editoras como Act. Editora, Cobogó, BEI, Taschen ou Ubu. Diariamente, momento de autógrafos com publicações selecionadas. E ainda os lançamentos esperados como dos livros Lina Bo Bardi Design: O Mobiliário Dos Tempos Pioneiros 1947-1958, pela Artemobilia, Digo e tenho dito, de Anna Maria Maiolino, pela Ubu, e Bancos Indígenas do Brasil.
A novidade
Fernanda Feitosa abriu um novo setor chamado Showcase. Curado por Carollina Lauriano, o espaço é uma espécie de exposição espalhada com obras sob uma mesma temática. O visitante de repente se depara com uma parede extra ou uma sala, por exemplo, apresentando obras sob uma mesma temática, intitulada Recuperar paraísos: não precisar do fim para chegar.
“Embora estejamos presenciando mudanças significativas nos últimos dez anos nas discussões identitárias no campo das artes, é preciso evidenciar que já havia uma história em curso, até para entendermos os caminhos trilhados até aqui”, afirma Lauriano.
O legal da feira
– Percorrer a feira escutando aos audioguias temáticos narrados por especialistas
– O aplicativo bem simples com todas as informações do dia e a programação completa
– As visitas guiadas gratuitas para até doze pessoas com percursos das artes moderna e contemporânea
– Os bares Chandon, Terrazas, Whispering Angel, Blue Moon e Amázzoni para dar uma animada
– Os restaurantes Kitchin, Fome de Quê? e Le Pain Quotidien com cardápios saborosos