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Orgulho nacional: em ano de Copa e eleição, Brazilcore é nova trend

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**Brasil. Brasil com S, Brazil com Z. Brasil de Ipanema, de cachaça exportada, de Carnaval que faz gringo pular e ambulante ‘se dar bem’. De Pelés e Neymares. De mares. De bossa nova e funk, Ritas e Anittas.
Brasil de copo americano com cerveja trincando, pão francês na chapa. Cobra caro pelo que vem de fora, caríssimo pelo que é dentro. **O Brasil virou febre, ganhou nome de trend ‘chiclete’ e é a nova obsessão da galera ‘das modas’**.

Nos últimos meses, o chamado **‘Brazilcore’** tomou mundo e redes de supetão. Era verde pra cá, amarelo pra lá, camiseta da seleção a torto e a direito: e não só isso! Nossa tão íntimo estilo de vida latino-americano, das mesinhas de Brahma aos pés de Havaianas, se tornou objeto de desejo **comercializável, replicável** e **instagramável**. A **‘gourmetização’** da estética periférica ‘brazuca’ colocou caviar na nossa coxinha, e entre festivais de música e semanas de moda, pré-Copa e pré-eleição, política e comportamento se juntam num questionamento: **porque a moda está tão encantada com o Brasil?**

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**Tudo começou na gringa**. Quando três ou quatro personalidades do TikTok viralizaram com seus #fitchecks e camisas da bandeira. Como é de costume no telefona-sem-fio da Internet, **um murmuro entre duas partes se torna um bradar profundo**, e antes que Galvão pudesse gritar Gol, já se via um mar de **_influencers_** reinterpretando o modismo.

Não demorou para que o símbolo nacional da bandeira passasse por sua **terceira reforma semiótica em menos de 10 anos:** de signo patriota a indicador visual de posicionamento político, agora, a **bandeira é pop**.

Fizeram o serviço completo: além da _t-shirt_ futebolística e das chinelas de dedo, levaram também os óculos espelhados, os ténis de mola, as correntes no pescoço… O clássico figurino paulista-carioca vive seu momento, e quer goste ou não, a cantora **Anitta** tem parte nessa história.

![Presença de Anitta: a influência da cantora na distribuição da estética](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/image1_e17d495e4b.jpg)

Desde seu divisor de águas **“Vai, Malandra”**, lançado no final de 2017, **ícones da experiência carioca** como o ‘biquini de fita’ e o ‘bronze na laje’ foram percebidos e reconhecidos em escala mundial. De lá para cá, 5 anos se passaram. A funkeira de Honório Gurgel pousou no gramado do **Coachella** levando muita favela e rebolado. Fez história ao ser a **primeira artista brasileira a vencer um VMA** e quebrou recordes com o sucesso de seu hit **_‘Envolver’_**. A jovem que lá atrás estourou com seu ‘Show das Poderosas’, se apoiou em emblemas afetivos para criar uma persona artística centralizada nas peculiaridades brasileiras – esses elementos sensoriais que têm cara, têm cheiro, **têm gosto de Brasil. Quando os holofotes estão virados para a artista, iluminam, consequentemente, o brilho de ditas substâncias.**

Mais recentemente, **Ludmilla** subiu aos palcos do **Rock In Rio** na mesma paleta de cores. Não deu outra: para onde se olhasse, era tudo **Brasil**, e de modo praticamente simultâneo, acontecia no hemisfério acima a nunca-antes-tão-comentada **Semana de Moda de Copenhagen**.

![Ludmilla se entrega ao Brazilcore em show no Rock In Rio](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/image4_8937af86bd.jpg)

Notória por apresentar designers emergentes da cena escandinava e um muito criativo _catwalk_ de _streetstyle_, o encontro de fashionistas foi marcado pela presença de um item demasiado familiar nas praias tupiniquins: a **Havaiana**.
De acordo com o **Google Trends, Países Baixos, Dinamarca** e **Grécia** foram, respectivamente, as regiões que mais pesquisaram pelo termo **‘Havaianas’** na plataforma de busca – ficando atrás apenas de Brasil, em segundo lugar, e Portugal, em primeiro. À **Vogue americana**, a jornalista francesa **Sophie Fontanel** – que desfila sobre o calçado há várias temporadas –, confessou: _“Na verdade, eu usei os chinelos durante a Alta-Costura porque eu tive tantas bolhas nos pés na primeira noite, que acabei atrasando para o show da Miu Miu. Não tive outra escolha a não ser usá-los, e eles são tão confortáveis que acabaram ficando presos em meus pés durante todo o verão.”_

![Todo mundo usa: Havaianas saem das areias e conquistam as semanas de moda](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/image5_ec818a6571.jpg)

Entre os dias **11 e 29 de agosto**, a busca pela frase **“Brazil T-shirt”** na aba Google Shopping atingiu os **100 pontos** na escala de medida do Google Trends, valor que se refere ao pico de popularidade de dado assunto. Nos últimos três meses, o mesmo mérito foi alcançado pelos termos **“Brazilcore”**, **“Brazilian Style”**, **“Brazilian Fashion”** e **“Brazilian Soccer Shirt”**. “Esse é um momento muito importante para o Brasil, principalmente quando entendemos o real significado dessa estética. Aonde ela surgiu, por qual razão… não é apenas uma movimentação **fashion**, mas também **política, econômica, sociocultural**”, pontua **Lola Araújo Pontes**, coordenadora de produtos e inteligência de moda. “Estamos vendo a normalização de elementos que antes ficaram reservados apenas para **ativações institucionais, estatais**, e **celebrações culturais**, como a própria **Copa do Mundo**. Esses símbolos foram ressignificados e, com eles, a cultura brasileira é **valorizada**”.

**Copa**, inclusive é ponto importante de se tratar. A poucas semanas de um dos maiores eventos esportivos do globo, a bandeira brasileira, nos últimos anos tão afiliada a ideologias de direita, retorna ao posto mais alto do mastro. **É brasileira e ponto: acima de tudo e antes de mais nada**. “É nosso momento de clamá-la de volta”, afirma a especialista. Mas o segundo turno de uma **eleição** desmedidamente polarizada pode colocar um freio nesse fervor, e lançar o futuro dessa estética numa soma de direções opostas.
“Como toda tendência, acredito sim que ela encontrará um **pico** e depois cairá em **declínio**, mas que há um investimento das marcas e dos consumidores nesse estilo de design, não há dúvidas!”, finaliza Lola, resgatando a real natureza do ciclo da moda: **efemeridade**. Assim como as bandeiras dos **Estados Unidos** e **Reino Unido**, outrora tão ‘bacanudas’ e massificadas, “a verdade, contudo, é que provavelmente no **ano que vem não estaremos mais falando disso”**.

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