Ai ai ai… quanta semana, quanta moda. Quanta semana de moda. É Nova York, é Londres, é bagel, é chá da tarde. Rigattone para o almoço em Milão, escargot para o jantar… e para lavar o palato, um bom champagne francês fim-de-noite (aliás, todo champagne é francês, viu?). Entra estação, sai estação, o roteiro é batata: Estados Unidos, Inglaterra, Itália, desaguando nas águas turvas do Rio Sena. Depois volta, e começa tudo de novo. E por falar em novo…
Olha, teve tanta coisa repetida! Tendência que segue emplacando (e, consequentemente, segue lucrando), a gente sabe. Tendência que é bonita! Não me leve a mal. Todavia, já cansou o olhar e azedou o apetite de quem tem fome de novidade. Eita, a temporada nem acabou e já disparamos com esse amargor todo? Nada disso. Tem o ruim, mas tem o bom também. Num giro pelos principais desfiles desse Fall/Winter 2024, vamos abocanhar um pouco de tudo — o que causou desejo, o que causou bocejo, e o só causou mesmo.
Tá cansando… laços, laços e, adivinha? Laços
Não vou mentir, foi divertido. Eu usei, você usou, 9 entre 10 passantes do Meatpacking District em Nova York usaram. E da pra entender o porquê do apego! Laços são diplomáticos, usa-se em qualquer lugar: no cabelo, na roupa, na barra da meia, e nem carece muito investimento! Dez centímetros de fita e o mundo é seu. De quantas tendências podemos falar tudo isso? Não adianta, sempre vai ser um clássico — mas até quem ama E o Vento Levou, uma hora vai cansar de Scarlett O’Hara.
O negócio é que os laços tinham vontade demais. Quiseram abraçar o mundo, foram pro design, pra fora do guarda-roupa, pra dentro da internet. Viraram meme, viraram graça. Todo mundo ama mas ninguém aguenta mais.
Deu um fresh… as luvas ‘peludas’ da Louis Vuitton
A frase “não é prático, mas é divertido” pode ser aplicada a muitas coisas: férias em Noronha, gloss labial, vestidos tomara-que-caia, e, finalmente, às luvas felpudíssimas de Louis Vuitton.
Consumando seu décimo aniversário à frente da marca, Nicolas Ghesquière revisitou sua década de repertório na construção de uma linha que tem de tudo — mas as mãozinhas de Chewbacca roubaram a cena.
Diferente dos luvões de couro que muito temos visto (há anos, inclusive) passarela a dentro, a interpretação da casa francesa gera um contraste quase faceiro quando combinadas com os ricos vestidos de bordado da coleção. Não sei se a moda pega, mas, literalmente, traz um ‘quentinho’.
Desejei… o esportivo maximalista da Missoni
Listra ali, listra aqui, listra acolá: na cabeça de Fillippo Grazioli (e só na dele), uma linha reta te fará perder todo o sentido de direção. Estamos vivendo a renascença das meias-calças, isso já se vê nas ruas. Vermelha, azul, rosa, amarela… mas listrada? Essa é nova — e será muito bem-vinda. Em sentido vertical, faz maravilhas pela silhueta, e emplacada nesse enredo ‘aprés-ski’ garante um feeling sessentista, Audrey Hepburn em Charada (1963). Vintage mas moderno, marcante sem complicar.
Tá cansando… monocromático metalizado
Dourado é lindo, prata também — quente ou frio, o impacto de ambos é certo. Ou era. Seja Surfista Prateado ou embalagem de Ferrero Rocher, a onda do metal foi tão surfada que, é triste dizer, perdeu o sabor. Visualmente, ainda tem seu valor, lógico! Quem não olha duas vezes um look full metalizado está louco. Mas desde que a calça encerada da Zara se tornou um item viral na internet, o tempero da coisa não está mais ‘tão lá’. Calma! Isso não é sinal para parar de usar, mas quem sabe podemos repensar o approach, ok Coperni?
Deu um fresh… os chapéus ‘de abano’ da Chanel
Dona Chanel fez brilhar o sol em pleno inverno – ou, pelo menos, se vestiu para tal. Num ‘mexidão’ que misturou a extravagância ‘Davidbowieana’ dos anos 1970 com a marra melindrosa dos anos 1920, Virginie Viard tapou a boca de quem critica sua direção por “não ter glamour o suficiente”. Teve tweed, teve plataforma, teve capa arrastando no chão… e teve chapéu. Ô, se teve chapéu.
Generosamente robustos, os modelos em palha acenam à herança chapeleira de Gabrielle Chanel, que, em 1910 (muito antes de se tornar a modista que fez e aconteceu), respaldou seu nome mediante uma pequena boutique de chapéus, na Rue Cambon. O broche na borda é, além de uma ferramenta para manter a aba ereta, um charme à parte.
Desejei… os acessórios aerófanos da Saint Laurent
Cartas na mesa, recibos na carteira: se tem uma coisa que está fora de moda, é o obscuro. Exige-se nitidez em tudo. Queremos fotos sem filtro, post com link, prints com data, comprovantes de pagamento. E se a transparência perdeu a magia, Anthony Vacarello tem o truque na manga.
Uma linha feita (quase) completamente em nylon, do mesmo que se faz a necessária meia-calça. E se as roupas deixavam pouco à imaginação, os acessórios convidavam a sonhar.
Luxuosos, mas com um timbre orgânico, brincos e braceletes cruzavam a passarela desafiando a razão e a lógica: como pode a translucidez ser tão exuberante? Parece mágica. Mas é Saint Laurent.
Tá cansando… microshorts
As pernudas estão à solta. É Miu Miu, é Chanel, é tudo quando há de marca sobre a Terra. Todas, em algum momento dos últimos 2 anos, lançaram mão dos microshorts. Algumas, continuam ordenhando essa vaca que de leite já não dá nem gota.
A ideia é divertida, foi um momento libertador para a moda. Tirar a hotpant das praias, do calor do nosso carnaval, testar combinações novas, silhuetas diferentes… isso, por natureza, já tem valor. Mas assim que o que tinha para se ver já foi visto, qual é a graça do micro pelo micro? Na década de 1960, a minissaia foi criada por um motivo: emancipação da expressão feminina.
Simbolizou a liberdade do corpo, do desejo, para a mulher que rejeitava ser de porcelana — queria ser carnal, queria ser carne (e, em algum momento, essa ‘carne’ ganhou prefixo ‘pedaço de’). Hoje, é só uma tendência que gastou o olhar. Kendall Jenner, você me paga.
Deu um fresh… a roupa-pele de Andreadamo
E por falar em carne, Andreadamo serviu a mais saborosa. Afinal, já que vamos mostrar a pele, porque não se divertir com a ideia? Diferente da abordagem vampiresca de uma sensualidade de rendas e tules, sem esbarrar na fantasia ‘schoolgirl de minissaia’, a ótica de Andrea enxerga a pele pela pele. Sem brincadeirinhas, sem pique-pega, sem mostra-e-esconde: é cru, é sincero, é visceral. E a artesania fala por si só.
Tão perfeito que é simples.
Desejei… literalmente toda a coleção da Rochas
Dispensa explicações.
*Theodora Zaccara é Jornalista e apaixonada por Moda desde que se entende por gente. Iniciou sua carreira aqui no GPS Lifetime, onde acompanhou diversos eventos e entrevistou figuras icônicas desse universo. Agora, como colunista, tem a missão de trazer para os holofotes as novidades do mundo Fashion de maneira descomplicada.
Empresário apoiado por Caiado se destaca na corrida à Prefeitura de Goiânia
Estiagem prolongada e umidade baixa intensificam alerta de perigo no DF, com maior seca da…
Candidato à Prefeitura de São Paulo é investigado por suposto abuso de poder econômico
Candidatos estão separados por poucos pontos percentuais, dentro da margem de erro
Anúncio foi feito através de publicação no perfil da atriz no Instagram
A modelo, no entanto, nunca aceitou os convites do rapper, que está preso