Por Rubens Anater
O então presidente Jair Bolsonaro (PL) reuniu-se em 5 de julho de 2022 com a alta cúpula do Governo Federal. Segundo vídeo apreendido pela PF no computador do tenente-coronel Mauro Cid, ele questiona o sistema eleitoral brasileiro, diz que vai perder a eleição e clama seus ministros e não se omitirem.
“Tem acordo ou não tem com o TSE? Se tem acordo, que acordo é esse que tá passando por cima da Constituição? Eu vou entrar em campo usando o meu exército, meus 23 ministros”, afirmou Bolsonaro, e demandou que “daqui pra frente quero que todo ministro fale o que eu vou falar aqui”.
“A fotografia que pintar no dia 2 de outubro acabou, p****! Quer mais claro do que isso? Nós tamos fazendo a coisa certa, mas o plano B tem que por em prática agora”, disse ainda o ex-presidente.
Na ocasião, Bolsonaro reforçou boatos sem provas, afirmando que o dinheiro do narcotráfico teria financiado a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência e difundindo desinformações sobre a lisura do sistema eleitoral.
Ele fala, inclusive, da reunião com embaixadores que aconteceria no dia 18 de julho, poucos dias depois. No ato com embaixadores, voltou a questionar o sistema de votação e atacar a Justiça Eleitoral, o que o levou a ser declarado inelegível em julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em junho de 2023.
Segundo a PF, estavam presentes Anderson na reunião Torres (então Ministro da Justiça), Augusto Heleno Ribeiro Pereira (então Chefe do Gabinete de Segurança Institucional), Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira (então Ministro da Defesa), Mário Fernandes (então chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República), Walter Souza Braga Netto (ex-Ministro Chefe da Casa Civil e futuro candidato a vice-Presidente da República), todos alvos da operação Tempus Veritas que investiga organização criminosa responsável por atuar em tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.