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‘O Nome da Rosa’ ganha edição com desenhos de Umberto Eco

Coleção de caricaturas e mapas rascunhados por Eco em O Nome da Rosa é a novidade do box recém-lançados com três grandes sucessos do autor

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O escritor, filósofo e semiólogo italiano **Umberto Eco (1932-2016) gostava de segurar na boca a tampa da caneta que estava usando**. Era um tique que ajudava sua concentração. E foi assim, absorto, que **esboçou desenhos** dos personagens daquele que se tornaria seu grande sucesso, o romance **_O Nome da Rosa_**, publicado em 1980. E, apesar do legado inigualável em estudos da filosofia da arte, da comunicação e da literatura, foi com esse livro de ficção que Eco se tornou um **_best-seller_ mundial**.

![Umberto Eco – Foto: Reprodução](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/Umberto_Eco_116cbca532.webp)

E é justamente _O Nome da Rosa_ o título mais reluzente de uma **caixa lançada nesta semana pela editora Record**, que traz ainda _O Pêndulo de Foucault_ (lançado em 1988) e _O Cemitério de Praga_ (2010), todos com capa dura e texto revisado. **A novidade**, no entanto, é a **coleção de caricaturas e mapas rascunhados** por Eco quando preparava a escrita de _O Nome da Rosa_.

>”Os desenhos, ou esboços, atestam o minucioso trabalho preparatório antes da escrita do romance, iniciada em 1978 e cuja publicação só ocorreu em outubro de 1980″, comenta o editor Mario Andreose, em conversa por Zoom com o Estadão.

![Box Humberto Eco – Foto: Editora Record/Divulgação](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/5bur550u_a33c0bfb76.png)

Andreose trabalhou durante **35 anos ao lado de Eco**, justamente seu período mais intensamente criativo. “_Ele era um ótimo contador de histórias e de piadas e, ao mesmo tempo, quando iniciava um projeto, dedicava todo seu conhecimento para atingir o que considerava o melhor resultado_”.

De fato, na concepção do escritor italiano, **um objeto artístico não é algo acabado**, com uma interpretação única e fechada ditada pelo seu criador, mas **um feixe que congrega diferentes estilos**. Ou seja, a estética da pintura não é dissociada da do cinema, por exemplo, mas uma complementa a outra.

Assim, em _O Nome da Rosa_, Eco utiliza uma história de ficção para convergir várias áreas da cultura como a história, a filosofia, a estética medieval e a semiótica. O resultado é um _thriller_ policial em que recria a **&atmosfera soturna e repressiva dos monastérios** e os contrastes no interior da Igreja.

**Datas**

A ironia está no fato de Eco ter sido **convidado por uma editora que desejava lançar livros policiais curtos**, escritos por “_não romancistas_”. Mas Eco entregou um romance de suspense de **mais de 500 páginas e ambientado na Idade Média**, cuja leitura densa, carregada de citações e datas, desafia ainda hoje o leitor comum

“_Atualmente, o livro já vendeu mais de 50 milhões de exemplares em todo o mundo desde seu lançamento_”, conta Andreose, que cita palavras do próprio Eco para justificar a importância dos desenhos: “_Para narrar, é preciso, primeiro, construir um mundo mobiliado o máximo possível até os últimos detalhes – construído o mundo, as palavras virão quase sozinhas_”.

![](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/resenha_o_nome_da_rosa_umberto_eco_05_78bb43ce19.jpeg)

Assim, o leitor poderá descobrir, ao final desta edição de _O Nome da Rosa_, um **material visual** que mostra “_a identidade e a fisionomia dos principais protagonistas, com típico traço veloz e arguto do autor, que justificará sua invenção para saber quais palavras colocar em suas bocas_”, observa Andreose.

Minucioso em sua pesquisa, **Eco também rascunhou traçados e plantas de abadias, castelos, labirintos, além de oferecer um retrato da vida cotidiana do século 14**, como as ferramentas utilizadas no trabalho agrícola, especialmente na produção do vinho e do azeite de oliva. “_Sua atenção se volta ainda para cada detalhe arquitetônico, como o número de degraus de uma escada em espiral, para definir a duração do diálogo dos personagens que vão de um lugar a outro_”.

**Erro**

Andreose se lembra de como **o livro demorou para fazer sucesso** – muitos não acreditavam que o público se interessasse por uma **leitura tão densa, apesar de magnificamente pensada**. “_Um editor francês se recusou a publicar o livro, justificando que Eco era um fantástico ensaísta e que não precisa apelar para a ficção. Acabamos lançando por outra editora. Quando O Nome da Rosa se tornou um best-seller, aquele mesmo editor francês nos pediu uma segunda chance lançando O Pêndulo de Foucault_”.

![Filme, O Nome da Rosa com Sean Connery e Christian Slater – Foto: Reprodução](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/O_Nome_da_Rosa_0a0983aae3.webp)

**O sucesso** de _O Nome da Rosa* pode ser explicado, segundo Andreose, pela **fórmula de seu enredo**. “_Quando jovem, Eco se interessava por escritos antigos e por romances de mistério, especialmente os de Arthur Conan Doyle e seu personagem Sherlock Holmes – O Cão dos Baskervilles era um de seus preferidos. Assim, com tais ferramentas, ele conseguiu unir o erudito ao popular_”.

A versão para o cinema, dirigida por **Jean-Jacques Annaud** em 1986, também alcançou um enorme sucesso popular, o que fez o escritor recusar um pedido de Stanley Kubrick de filmar _O Pêndulo de Foucault_. “_Eco não queria associar seu nome a blockbusters. Mas basta observar De Olhos Bem Fechados (1999), último longa de Kubrick, para notar elementos do livro de Eco: a sociedade secreta, pessoas com máscara – uma atmosfera idêntica à de Foucault_”.

**O Nome da Rosa, O Cemitério de Praga e O Pêndulo de Foucault**
Autor: Umberto Eco
Editora Record
1.720 pág R$ 249,90 (R$ 174,90 e-book)

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