Durante a cerimônia de abertura da 10ª reunião anual do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), a presidente da instituição, Dilma Rousseff, destacou a importância de um modelo de desenvolvimento que seja sustentável, inclusivo, resiliente e soberano. Ao celebrar os 10 anos do banco, Dilma reforçou que o momento é de renovação de propósito. O evento contou com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros, empresários, membros do conselho do banco e representantes da sociedade civil.
Dilma criticou o atual contexto global, afirmando que o multilateralismo está sob forte pressão, enquanto o unilateralismo ressurgiu com força, refletido em tarifas, sanções e restrições financeiras que, segundo ela, têm sido usadas como ferramentas de subordinação política. Essas declarações, feitas no Rio de Janeiro, podem ser vistas como uma resposta indireta a políticas recentes de países desenvolvidos, especialmente os Estados Unidos, que adotaram medidas protecionistas conhecidas como “tarifaço”. Para a presidente do NDB, essas ações geopolíticas têm levado à reestruturação das cadeias produtivas globais, com impactos diretos no desenvolvimento de países do Sul Global.
“Devemos fortalecer o financiamento em moeda local”, afirmou Dilma. “Devemos expandir nossa área e nossa rede de parcerias”, acrescentou, mencionando outros bancos multilaterais, setor privado e academia.
Entre os temas debatidos estão os desafios para o financiamento do desenvolvimento sustentável, o papel da ciência e tecnologia, e o fortalecimento do uso de moedas locais em projetos de financiamento. Para Dilma, a missão do NDB segue essencial: construir uma instituição eficiente, confiável e adaptável, capaz de entregar resultados concretos, promovendo os valores de solidariedade, equidade e respeito à soberania.
Ela ainda ressaltou que o NDB não pretende substituir outras instituições financeiras internacionais, mas demonstrar que existem alternativas viáveis e legítimas para o desenvolvimento. O banco, que já aprovou mais de 120 projetos e US$ 39 bilhões em financiamentos, é uma ferramenta estratégica dos países do Brics e também acolhe nações de fora do bloco, como Uruguai, Argélia e Bangladesh.
Dilma concluiu afirmando que os países emergentes merecem instituições que compreendam seus desafios, respeitem suas escolhas e apoiem suas ambições de maneira justa e autônoma.