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O modernismo e o sertão de Galeno em inédita mostra individual

Arte por Engano. Entre Brazlândia e o Parnaíba, artista reúne dez anos de trabalho intimista na Referência Galeria de Arte

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**Francisco Galeno** é sempre aguardado por seu trabalho. Em mostra individual, o artista piauiense se apresenta na **Referência Galeria de Arte** com a mostra individual **Arte por Engano**. São obras inéditas produzidas ao longo de dez anos.

Como ele mesmo diz: _“Na minha arte não entra um prego que não seja carregado de história afetiva”_, a narrativa trata do diálogo entre ancestralidades e linguagens contemporâneas. Para tal, Galeno traz pinturas sobre madeira e objetos escultóricos e em ferro.

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![Fotos: Cortesia](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/galeno_Novas11_3c9f6fac4e.jpg)

Com ensaio poético do escritor e dramaturgo Benjamim Santos, passado, presente e futuro fazem parte dos trabalhos que o artista apresenta, minimalizando as formas e as imagens ao mesmo tempo em que amplia os campos de cor.

**Objetos, pintura** e **cor** são elementos integrantes de sua linguagem poética, que ao longo dos últimos anos vem adquirindo novos elementos, em um trabalho intimista que evoca suas **tradições** expostos em artesãos, bordadeiras, vaqueiros, a terra, como analisa a galerista **Onice Moraes**, que há algumas décadas acompanha de perto o trabalho de Galeno.

_“Aquilo que já era uma marca registrada da obra de Galeno, adquiriu novos contornos com o aprofundamento nas questões de linguagem. Os objetos produzidos pelos vários artesãos da região onde mora ganham cada vez mais destaque, como forma de o artista dar voz a suas ancestralidades e espaço para que o pensamento e o trabalho coletivo que constroem uma obra de arte, quer sejam renascentista, moderna ou contemporânea, ocupem seu devido lugar na história da arte”_, completa Onice.

![Foto: Cortesia](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/galeno05_2cd7cf5159.jpg)

Provocador, Galeno diz que _“o lado artesanal é uma coisa que a arte contemporânea despreza. Até usam artesania em vez de artesanato para se distanciar. Já eu transito no meio da cultura popular que para mim é onde reside o mistério. Quando eu quero entre a arte moderna e a contemporânea eu vou conversar com Cimabue, Giotto, **Da Vinci**, **Michelangelo**, Rafael, Caravaggio, e por aí vai”_, completa.

**Entre o modernismo e o sertão**

Há duas décadas ensaiando um retorno ao local onde nasceu e passou a infância, Galeno hoje se divide entre seu ateliê em **Brazlândia**, Distrito Federal, e Ilha Grande, perto de Morros de Mariana no Parnaíba, Piauí, onde passa a maior parte do tempo.

![Foto: Cortesia](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/galeno14_85fb6fa917.jpg)

_“Sou bisneto e neto de vaqueiros, todos artesãos do couro. O outro avô artesão da madeira, fazedor de canoas na beira do rio Parnaíba. Meu pai artesão multimídia, fez tudo na construção de Brasília, até virar marceneiro. O auxílio luxuoso veio de dona Conceição, minha mãe, uma senhora rendeira”_, diz o artista. _“Eu vim para me encontrar com minhas origens, os meus mestres artesãos, sem me esquecer de Athos Bulcão, Rubem Valentim, Volpi, Cézanne”_.

![](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/galeno_Novas03_741064b64b.jpg)
![Fotos: Cortesia](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/galeno_Novas08_83f58288b6.jpg)

Essa genealogia, comenta o escritor e dramaturgo **Benjamim Santos** em seu ensaio poético sobre a obra do artista, forjou o Galeno, cuja obra camaleônica é, para os olhos, uma verdadeira festa popular brasileira.

_“Homem feito naqueles universos de Brazlândia e Brasília, fazendo amigos nas noites do Beirute, agora criador de arte, buscando um novo jeito de arte brasileira, botando os quadros em exposição de galeria, ganhando prêmio nacional”_.

O escritor afirma ainda que se delicia ao perceber que _“uma lamparina invertida torna-se um cálice sagrado sobre um altar ou dentro de um tabernáculo”_. Se é _PopArt_, Construtivismo, Arte Conceitual ou “simplesmente um jeito de ser Galeno”, é algo que fica para os críticos, teóricos ou historiadores da arte decidirem.

**Para desvendar o artista**

“O camaleão foi um bicho que influenciou muito a minha pintura. Ele muda de cor para escapar do bicho predador”. Assim, também, seu trabalho se metamorfoseia, ganha uma nova pele e incorpora uma nova modulação de cores. Galeno não é apenas pintor.

Quando era moleque, seu sonho era ser jogador de futebol e recentemente desenhou uma camisa para o time do Brazlândia. Em seguida, trabalhou para homenagear os loucos de estrada, que ele chama de Loucos de BR. O trabalho é inspirado no artista Arthur Bispo do Rosário.

![Foto: Cortesia](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/galeno_Novas01_3654f97c7d.jpg)

“A ideia surgiu de minhas viagens de carro para o Piauí, onde eu sempre encontro esses loucos de BR. São artistas, sempre juntam algum objeto para se enfeitar. Quero também fazer uma roupa muito louca, com um chapéu colorido e usar latas de sardinhas e anzóis como adereços. Vou combinar com as crianças para que elas me acompanhem pelas ruas, soltando pipas no ar.”

**Serviço**

**Arte por engano**

De Francisco Galeno com ensaio poético de Benjamim Santos
Na Referência Galeria de Arte (202 Norte, Bloco B – Loja 11)
Dia 17 de novembro, das 16h às 21h
Até 14 de janeiro de 2023

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