Quando a televisão chegou ao Brasil em 1950, muita gente temia que ela fosse acabar com as salas de cinema. Não aconteceu Os profetas do fim do mundo fizeram previsão parecida quando as plataformas de streaming surgiram na década de 2010. A televisão, no entanto, segue incólume em seu lugar de entretenimento “gratuito”. E um dos motivos para ela ainda ser sucesso entre os brasileiros é a telenovela.
A ideia é defendida por Rosane Svartman, autora do recente sucesso da Globo, Vai Na Fé, no livro Telenovela e o Futuro da Televisão Brasileira (Editora Cobogó). “O futuro da telenovela está nas mãos do telespectador e o futuro da televisão brasileira está nas mãos da telenovela”, escreve.
Rosane crê que o formato está entrelaçado com a cultura brasileira. “A novela é resiliente, ela se adapta. No futuro, ela não será como hoje, da mesma forma que não é a mesma que estava no ar há 10 anos.”
Para a autora, o sucesso do formato está relacionado com a evolução da sociedade. “A gente observa dados como o do censo. Por exemplo, o fato de que menos mulheres querem ser mães atualmente: em Lumiar (personagem de Carolina Dieckman em Vai na Fé) representou essa parcela da população”, explica.
Rosane também explica que o fato de uma novela ser obra aberta, diferentemente de seriados, minisséries e filmes, faz com que o retorno da audiência tenha papel importante na escrita. Por isso, produções feitas para o streaming estão testando uma nova forma de olhar para a recepção. “Há várias experiências, como a divisão em duas temporadas, com uma pesquisa no meio.”
Plataformas
Rosana também ressalta o crescimento do simulcast no Brasil. Isso significa que muitas pessoas estão usando aplicativos de serviços de streaming para assistir à televisão ao vivo. “O que estamos vendo mais uma vez é a convergência das coisas. “As pessoas ainda estão abertas à rotina de ver no horário, no fluxo contínuo da TV, junto com os textos secundários, com rede social, com tudo que está acontecendo no momento”, diz. “Na minha opinião (a mudança) será na convergência dessas formas de ser espectador”, complementa.
A autora enfatiza que não importa a forma como a novela é vista, seja na TV, na grade linear, seja em simulcast, seja no streaming, dividida em temporadas, com capítulos lançados em blocos semanais, diários etc. “Eu olho para esses dados e, mais uma vez, acho que eles fortalecem a tese de que enquanto a novela fizer parte da nossa cultura, enquanto tiver essa conexão com a sociedade, ela vai permanecer.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.