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Nutricionista explica por que o uso de probióticos nem sempre dá certo

Conhecido por fazer a reposição de "bactérias boas", recurso farmacêutico pode não gerar os efeitos esperados dependendo do grau de desequilíbrio do trato digestivo

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Má alimentação, stress e deficiência de enzimas digestivas são alguns dos fatores que podem afetar a microbiota intestinal, que é formada pelas bactérias que atuam no funcionamento do trato digestivo. Ǫuando ocorrem essas alterações, parte desses microrganismos que são benéficos para o intestino acabam “morrendo”, enquanto isso, bactérias e fungos prejudiciais à saúde acabam se proliferando além do normal, favorecendo infecções e inflamações.

Ǫuando isso acontece, muitas pessoas recorrem aos probióticos para restaurar a flora de microrganismos que protegem contra patógenos invasores e fortalecem o sistema imunológico. No entanto, nem sempre esse recurso funciona. Isso porque, segundo o nutricionista esportivo e funcional, Renato França, as bactérias “boas e ruins” competem pelo mesmo espaço no intestino, que quando atinge um alto nível de desequilíbrio, exige não apenas probióticos repositores, mas sim de uma série de cuidados para regular as funções digestivas, que são cruciais na digestão e absorção de nutrientes.

O funcionamento adequado da microbiota intestinal também depende de uma composição celular estável. “Trilhões de microorganismos que colonizam o trato gastrointestinal impactam em processos como a transformação de nutrientes, fornecimento de vitaminas, melhora da imunidade, reparo da mucosa intestinal e comunicação intestino-cérebro. Além disso, influenciam no desenvolvimento de tumores”, explica.

Segundo ele, fungos, bactérias e outros patógenos maléficos produzem toxinas que são absorvidas pela corrente sanguínea, induzindo processos inflamatórios que estão relacionados a inúmeras doenças intestinais, tais como colite ulcerativa e Doença de Crohn. Também podem ocorrer distúrbios metabólicos e neurológicos, obesidade, doenças autoimunes, redução da resistência imunológica a infecções bacterianas, virais e fúngicas, alergias respiratórias, intolerâncias e alergias alimentares.

“O problema é que muitas pessoas resolvem tomar probióticos para tentar corrigir ‘na marra’ o desequilíbrio da flora intestinal, mas muitas vezes isso é inócuo se não forem modificados outros hábitos de vida errados, como alimentação, sono, gerenciamento do stress e reposição de enzimas digestivas, caso estejam em falta”, cita França.

Dessa forma, uma das ações para que a flora bacteriana benéfica volte a crescer com a ajuda de probióticos é a mudança da alimentação. Se a dieta fornece muitos nutrientes para a flora maléfica, ela irá crescer e por consequência não permitirá a manutenção da flora saudável em boa quantidade. Por isso, é importante evitar alimentação rica em processados, açúcar, fast food e pobre em frutas e hortaliças, o que favorece a piora da saúde.

“Sobre o equilíbrio intestinal com uso de probióticos, gosto de fazer uma analogia do intestino a um aquário. Se o dono do aquário deixa de dar atenção por algum tempo ao controle do pH da água, começam a crescer algas, depois morrem os peixes mais sensíveis e, se isso perdurar por muito tempo, nenhum peixe ali sobreviverá. Depois de muito descuido e os peixes terem morrido, poderia se pensar que a solução seria apenas comprar novos peixes e colocar ali para substituir os anteriores, mas isso não irá dar vida novamente ao aquário, pois em um ambiente inadequado não terá continuidade a vida e logo os peixes novos também morrerão, ou seja, é necessário corrigir o pH para melhorar a qualidade da água, fazer uma boa limpeza removendo os detritos e aí sim repor os peixes em um ambiente favorável à manutenção da vida deles”, compara.

Renato França ressalta que o mesmo raciocínio serve para um indivíduo com disbiose intestinal, fruto de alimentação desregrada ao longo de muito tempo e uso frequente ou contínuo de medicamentos potencialmente tóxicos para a manutenção da microbiota saudável, por exemplo: antibióticos, antiácidos, inibidores da bomba de prótons, como omeprazol, pantoprazol. Tudo isso desequilibra a saúde intestinal e permite o crescimento de microrganismos patogênicos.

“Nesse ambiente todo descompensado, há a esperança de quem sofre com sintomas relacionados à disbiose intestinal de tomar probióticos e repopular o intestino com as bactérias boas que estão em falta. Até vale a intenção, mas só isso pode não ser suficiente, pois colocar bactérias boas em um intestino que não recebe nutrientes adequados para mantê-las alimentadas, de nada adianta”, ressaltou.

É necessário ter na dieta um bom aporte de fibras solúveis, presentes em frutas, vegetais, sementes, cereais integrais, que são o que as bactérias boas utilizam para produzir energia através da fermentação, assim, conseguem manter-se vivas e se multiplicam, e em paralelo limitar o consumo do que é tóxico para elas como excesso de açúcar e farinha refinada, embutidos e carnes gordurosas, frituras e até mesmo alguns adoçantes como a sucralose.

“Uma alimentação equilibrada e com ajustes individuais pode ser a chave para o sucesso do uso dos probióticos. Se você sofre com desconforto intestinal ou tem sintomas relacionados à disbiose intestinal, antes de gastar com probióticos comprados em lojas de suplementos alimentares ou farmácia sem qualquer orientação, busque informação em consulta com um bom nutricionista ou gastroenterologista para avaliar se é a melhor alternativa para o seu caso no momento e tenha consciência de que é importante cuidar dos seus hábitos de vida para ter saúde, vitalidade e boa disposição para aguentar a correria do dia-a- dia”, finalizou.

Serviço

Site: https://www.clinicarenatofranca.com.br/
Instagram: @nutricionistarenatofranca
Telefone: (61) 99857-0210

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