De acordo com o Censo da Educação Superior, pesquisa realizada pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), cerca de 11% dos estudantes matriculados em cursos de Medicina no Brasil em 2020 tinham mais de 30 anos. A pesquisa também aponta que o de Medicina está entre os dez maiores cursos de graduação com relação ao número de matrículas: foram 224.192 estudantes matriculados em 2021 no país.
A pesquisa mais recente da instituição, divulgada em novembro de 2022, revelou que, nos últimos dez anos, a quantidade de calouros com 40 anos ou mais quase triplicou nas universidades brasileiras: foi de 221.337, em 2012, para cerca de 600 mil, em 2021
O professor Thiago Carvalho, diretor do curso MetaMED, avalia como positiva essa tendência de aumento da faixa etária dos graduandos. “Estudantes mais velhos que buscam admissão em cursos de Medicina demonstram um alto grau de determinação e comprometimento”, diz ele. “Além disso, eles podem levar para a sala de aula uma variedade de experiências pessoais e profissionais prévias, o que, indiretamente, acaba enriquecendo não só a aprendizagem, por oferecer a troca de conhecimentos entre alunos de idades distintas, mas também a profissão como um todo.”
Um dos fatores que pode explicar esse aumento na faixa etária dos estudantes é a maior expectativa de vida da população, o que faz com que a idade já não seja encarada como um empecilho para a realização de sonhos. Carvalho salienta, contudo, que aqueles que ingressam mais tarde em um curso acadêmico, principalmente em uma graduação tão concorrida como a de Medicina, podem enfrentar maiores desafios. “Essas pessoas têm, muitas vezes, uma carreira e uma família já estabelecidas. Dessa forma, conciliar o cotidiano acadêmico com as outras áreas da vida pode ser complexo, exigindo uma organização mais rigorosa do tempo”.
Para ele, outra dificuldade que se interpõe no caminho de alunos mais velhos é o elevado ritmo de estudos exigido por um curso como o de Medicina, o que demanda deles muito empenho e resiliência para lidar com estresse mental e físico. “Além disso, há a necessidade de atualizar-se em conceitos acadêmicos e adaptar-se à tecnologia educacional atual”, alerta o diretor do MetaMED.
Thiago Carvalho frisa, ainda, que aqueles que almejam voltar aos estudos depois de alguns anos longe dos bancos escolares deparam com o primeiro desafio de todos: passar pelo processo do vestibular. Para vencer esse obstáculo, ele aconselha que sejam desenvolvidos uma rotina e um plano de estudos que abarque todas as matérias que precisam ser relembradas.
“Cursos preparatórios também podem ser uma ferramenta eficaz nessa retomada de estudos para um vestibular tão concorrido quanto o de Medicina, pois oferecem a estrutura e os recursos de aprendizagem necessários aos vestibulandos”, afirma.