Categories: Mundo

Novo presidente paraguaio terá de negociar acordo de Itaipu com o Brasil

O candidato governista Santiago Peña foi eleito novo presidente do Paraguai, consolidando o poder nas mãos do Partido Colorado, que governa o país ininterruptamente por quase 70 anos. Ele obteve mais de 42% dos votos, contra 27% do rival, Efraín Alegre, do Partido Liberal. Aos 44 anos, Peña é considerado um tecnocrata de pouca experiência política. Estudou na Universidade Columbia, em Nova York, e foi ministro da Economia durante o governo de Horacio Cartes.

 

Ainda assim, ele é a aposta do longevo Partido Colorado para se sustentar por mais cinco anos à frente da nação sul-americana em meio ao crescimento social descontentamento com a corrupção e deficiências na saúde e na educação. Sua única experiência eleitoral fora em 2017, quando perdeu as primárias do Partido Colorado para Mario Abdo Benítez.

 

Peña efende as relações do Paraguai com Taiwan e tem sido criticado por sua visão de que o ditador Alfredo Stroessner levou “estabilidade” ao Paraguai, apesar de grupos de direitos humanos atribuírem ao regime entre mil e 3 mil mortos e desaparecidos.  

 

Peña é o caçula de três irmãos. É casado com Leticia Ocampo, com quem tem dois filhos, o primeiro deles nascido quando eram adolescentes. Ele rejeita a legalização do aborto porque, em sua opinião, parece “o mais fácil, um atalho”. E se diz decidido a defender a família “em sua composição tradicional: mamãe, papai e filhos”.

 

Na campanha eleitoral, Horacio Cartes – atual presidente do Partido Colorado – foi formalmente qualificado pelos Estados Unidos como “uma pessoa significativamente corrupta”. Após listar uma série de crimes como suborno, lavagem de dinheiro e ligações com o terrorismo, o Departamento de Estado congelou os bens do empresário e o impediu de operar no sistema financeiro norte-americano.

 

A medida foi um duro golpe para Peña, que não só perdeu apoio financeiro para a campanha como teve que se distanciar, pelo menos publicamente, de seu mentor. Alguns analistas alertaram para as dificuldades que Peña pode enfrentar como presidente eleito se Cartes fosse extraditado para os Estados Unidos ou preso no Paraguai.

 

“Não há governança garantida”, afirmou a historiadora e analista política Milda Rivarola. “Ele terá o grave problema de ter metade ou mais do Partido Colorado contra ele”, disse a especialista, referindo-se à linha interna liderada pelo atual presidente Mario Abdo Benítez, que está em desacordo com Cartes. 

 

Cumprimento de Lula

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, parabenizou  Santiago Peña pela vitória eleitoral no Paraguai. Pelo Twitter, o presidente brasileiro desejou sorte ao novo presidente do país vizinho e defendeu relações cada vez mais fortes e melhores entre Brasil e Paraguai.

 

Em mensagem enviada rapidamente após a confirmação da vitória do candidato do Partido Colorado, Lula disse ainda que conta com Peña para trabalhar por uma América do Sul com mais união, desenvolvimento e prosperidade.

 

A eleição no país vizinho tem uma especial importância para o Brasil em razão da revisão neste ano do Tratado da Usina de Itaipu. Peña será o futuro interlocutor do Brasil na revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, que estabelece as bases financeiras e de prestação dos serviços de eletricidade da usina, marcada para agosto.

 

Assinado em 1973, o tratado já previa a amortização das dívidas contraídas pela usina, que acabaram de ser pagas no mês passado, e mudanças nas demandas elétricas dos dois países. Por isso, estabelecia a revisão do texto dentro de 50 anos. De acordo com o Tratado de Itaipu, toda a energia produzida deve ser dividida entre os dois países. O Paraguai historicamente nunca usou toda a geração a que tem direito, e pelo acordo se vê obrigado a vender o excedente para o Brasil.

 

Ao jornal O Estado de S. Paulo, ainda durante a campanha, Peña disse que estar otimista sobre o papel da usina para os próximos 50 anos. “Estou otimista para poder negociar isso com Lula. Ele é uma pessoa com experiência e há testemunhas de que quer fortalecer os vínculos entre os dois países”, afirmou.

 

“Até o momento não há uma proposta clara do que será colocado na mesa e isso é lógico, porque, em uma negociação, não se pode antecipar as cartas”, disse Daniel Ríos, pesquisador da Faculdade Politécnica da Universidade Nacional de Assunção. Para ele, apesar de Peña não ter se manifestado, se não negociar melhores condições, a sociedade civil exigirá uma prestação de contas, já que há uma ideia generalizada de que o Paraguai merece receber mais pela energia.

Redação GPS

Nós somos uma equipe de jornalistas apaixonados por informar, entreter e inspirar nossos leitores com conteúdo de qualidade e credibilidade.

Posts Recentes

Cármen Lúcia diz que desinformação nas eleições é “cabresto digital”

Para a ministra, é necessário resgatar a plena liberdade de voto

26 minutos ago

Corredor da Rodoviária da Asa Sul recebe novo pavimento rígido em concreto

O material é adequado para trechos onde há deslocamento de veículos pesados

56 minutos ago

Aprovada a reforma nas quadras 711 e 712 da W3 Norte

Avenida terá mais acessibilidade, calçadas amplas e praças renovadas

1 hora ago

TV Brasil transmite jogos do Brasileirão Série B neste fim de semana

A TV Brasil transmite, neste final de semana, confrontos válidos pela 30ª rodada do Brasileirão Série B,…

2 horas ago

Buscas sobre Tabata no Google a colocam como “opção real de voto”, diz pesquisa

Buscas chamam a atenção de "maneira positiva" para a candidata

2 horas ago

Projeto quer prevenir afogamentos de crianças e adolescentes no Distrito Federal

Proposta cria política distrital para conscientização sobre segurança infantil em ambientes aquáticos

2 horas ago