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No Senado, especialistas criticam PPCub e defendem reanálise todo o seu conteúdo

Além de ser alvo de ação direta de inconstitucionalidade, a ser protocolada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT)o Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCub) sofreu duras críticas na segunda audiência pública promovida pela Comissão de Meio Ambiente do Senado, presidida pela senadora Leila Barros (PDT-DF). Segundo especialistas, se aplicado, o PPCub vai causar inchaço na cidade, danos ao meio ambiente e impactos negativos ao patrimônio público. 

Angelina Nardelli afirma que o PPCub pode colocar Brasília na lista de Patrimônio Mundial em Perigo da Unesco

Nardelli diz que o PPCub pode pôr Brasília na lista de Patrimônio Mundial em Perigo. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Recém-aprovado pela Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), o PPCub pode colocar Brasília na lista de Patrimônio Mundial em Perigo da Unesco. A afirmação é da arquiteta e urbanista Angelina Nardelli. “Brasília é uma cidade única, nossa, mas também do mundo. É muito agressivo permitir que grupos com interesses específicos gestem o poder”, destacou, lembrando a apresentação de emendas por distritais permitindo a destinação, para a Terracap, de terrenos remanescentes de parcelamentos ocorridos antes de 1979. Segundo ela, tal medida pode facilitar a venda e ocupação dessas áreas.

“Esse é um risco alto do ponto de vista patrimonial, que vai permitir um extenso estoque fundiário sob controle da Terracap”, disse ela, que é vice-presidente do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural do DF (Condepac-DF),  membro consultivo do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), ligado à Unesco, e uma das líderes do movimento Não a este PPCub como foi votado, organizado pela sociedade civil. 

A ex-presidente do Instituto Histórico Geográfico do DF (IHG-DF), Vera Ramos e o arquiteto e urbanista Paulo Niemeyer: Brasília é uma cidade única

A ex-presidente do Instituto Histórico Geográfico do DF (IHG-DF), Vera Ramos e o arquiteto e urbanista Paulo Niemeyer: Brasília é uma cidade única. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Também integrante do movimento, o arquiteto e urbanista Paulo Niemeyer, presidente do Instituto Niemeyer e bisneto de Oscar Niemeyer, ressaltou que o a PPCub despreza a importância dos espaços vazios, fundamentais no estilo da arquitetura brasiliense.  “Brasília não é só uma cidade. É a cidade. Não pode estar no contrassenso do que acontece em várias cidades do País”, destacou.

“Brasília já foi comprometida. Temos de discutir para salvar do que já aconteceu. A verticalização já existe e é um problema. Uma questão simples de proximidade de vizinhança, um adensamento de terreno, já compromete tudo”, disse, usando como exemplo o risco de uma construção nas proximidades da Catedral de Brasília.

Para a presidente do Conselho Comunitário da Asa Sul, Patrícia Carvalho, a aprovação do PPCub pela Câmara Legislativa é uma ameaça ao patrimônio da capital. Ela também aponta descaso com a preservação ambiental e com o Cerrado. “O plano permite a expansão desordenada e a verticalização em áreas sensíveis de Brasília. Essas mudanças podem causar aumento populacional não previsto. Precisamos que o PPCub seja encaminhado ao comitê do patrimônio mundial, pois temos necessidade de um planejamento urbano e sustentável”, afirmou.

A arquiteta Vera Ramos, ex-presidente do Instituto Histórico Geográfico do Distrito Federal (IHG-DF),  considera o PPCub um retrocesso para uma cidade onde predomina o espaço coletivo sobre o privado. Ela destacou que o PPCub deveria ter sido encaminhado à Unesco antes da votação na Câmara Legislativa e aponta sérias contradições no projeto aprovado.

“A parte de preservação e as outras não conversam entre si. Não houve participação efeitiva da sociedade civil, que está se mobilizando, mas não conhece o PPCub. Até quem é da área tem dificuldade de entender a tabela de atividades e usos”, disse Vera.

A presidente da CMA, senadora Leila Barros (PDT-DF), em pronunciamento

A presidente da CMA, senadora Leila Barros (PDT-DF), em pronunciamento. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Para a senadora Leila Barros (PDT-DF), que também presidiu a primeira audiência sobre o tema, o PPCub propõe mudanças que afetarão várias áreas do Distrito Federal. Ela afirmou que há interesses particulares regendo o plano.

“Devemos evitar a especulação imobiliária desenfreada e garantir que o plano esteja alinhado com os princípios de desenvolvimento sustentável e inclusão social. Preservação não é um obstáculo ao desenvolvimento, mas um guia para um crescimento sustentável, que respeite nosso patrimônio cultural e ambiental. Brasília foi planejada com uma meticulosa integração com o meio ambiente, amplas áreas verdes e traçado urbano singular. O PPCub propõe mudanças substanciais, que afetarão áreas do Distrito Federal”, finalizou.

A senadora defende uma revisão completa e criteriosa do PPCub. “Segundo manifestações do GDF, alguns pontos do projeto serão vetados, mas isso não é suficiente. É fundamental que todo o projeto seja reavaliado, pois apenas com uma revisão completa e criteriosa poderemos assegurar que sejam tomadas decisões verdadeiramente benéficas para todos os cidadãos”, destacou.

Maiores riscos
O PPCub foi enviado pelo Governo do Distrito Federal (GDF) à CLDF na forma de um projeto de lei complementar, que prevê regras para construções e atividades comerciais de Brasília. A cidade é tombada pelo Distrito Federal, pela União e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que, em 1987, a delcarou como patrimônio da humanidade.

Entre as alterações mais polêmicas do PPCub estão o aumento na altura de edifícios no Setor Hoteleiro e a possibilidade de empreendimentos comerciais em áreas anteriormente destinadas a outros usos. Ainda de acordo com o plano, as quadras 900 Sul e Norte poderão abrigar pousadas, apart-hotéis, hotéis e motéis, substituindo usos anteriores, como os destinados a escolas e hospitais.

Nos Setores de Clubes Norte e Sul, à margem do Lago Paranoá,  o plano prevê a criação de novos lotes para comércio e pequenas indústrias, assim como no Setor de Embaixadas. Nas proximidades dos Palácios da Alvorada e do Jaburu, seriam permitidas construções de hotéis, apart-hotéis e prédios residenciais. (Com Agência Senado)

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