Nada mais providencial que um museu para contemplar grandes nomes que compuseram a história recente do nosso País. Juscelino Kubitschek, notório anfitrião, segue mantendo esta característica viva por meio de sua neta, Anna Christina Kubitschek, presidente do Memorial JK, centro cultural erguido em 1981 no ponto mais alto de Brasília.
Foi lá o destino de pioneiros e entusiastas que se fizeram presentes no relançamento do livro De casaca e chuteiras – a era dos grandes dribles na política, cultura e história, escrito pelo jornalista Silvestre Gorgulho, encerrando a semana comemorativa do Memorial JK aos festejos que celebraram os 63 anos da capital federal.
Silvestre, mineiro de boa prosa e escrita fina e olhar atento, dedicou parte de sua vida à construção do pensamento intelectual de Brasília, atuando em grandes jornais do DF, bem como em cargo no executivo, assumindo em 2007 o comando da pasta de Cultura do Distrito Federal.
O belo livro de capa dura, cujo prefácio foi escrito por João Havelange, é resultado de dez anos de pesquisa, iniciada na data exata do aniversário de 70 anos do Rei, em 2010. Mas o que Pelé tem em comum com JK? Os anos 50 e 60 e uma densa transformação que estes dois homens ascendentes e destemidos realizaram no Brasil ao longo destas décadas.
Sem contar o afeto entre ambos, conforme conta Silvestre, nascido de uma amizade quando Juscelino era governador de Minas Gerais e Pelé jogava no Santos. O livro discorre sobre esta era, e o escritor reforça a missão literária de manter viva a saga dos heróis nacionais sem deixar que a memória dos brasileiros os percam.
Silvestre rememorou em seu generoso discurso de narrativa histórica, na manhã de sábado (22), em um dos salões do Memorial JK, diante de cerca de 200 convidados, o conteúdo da publicação: “O livro é um almanaque de fatos e casos documentados com início em 1956”.
Em sua cronologia, ele inicia com a posse de JK, em março, seguida da aprovação pelo Congresso Nacional para construção de Brasília, em setembro, mês em que Pelé, aos 15 anos, faz seu primeiro jogo profissional com um gol na partida do Santos contra o Corinthians de Santo André.
Na literatura, Guimarães Rosa lança Grande Sertão Veredas, bem como na música Vinicius de Moraes é apresentado a Tom Jobim. “Era o início dos Anos Dourados”, relata o guardião desta parte memorial e efusiva do Brasil, dizendo com simpatia em entrevista “o que são as dificuldades quando há uma boa história para contar”.
A anfitriã Anna Christina mostra a alegria em receber amigos para este grande dia: “Não há como apagar a memória e o legado de JK. Isso ninguém tira de Brasilia”.