ESBOÇO PARA UM POÇO
Nesta depressão tão vertical, profunda,
algemada na estreiteza de paredes frias,
dorme o nome da dor,
o espelho escuro de minha família.
E eu aqui, neste papel, inoculo a loucura.
Seu vão e suas rachaduras,
cada grau de febre seu
e suas reinvestiduras.
Estou aqui com os meus
para que a sombra deles se projete
e não me ocupe o corpo,
para ainda ser – tentar – senhor de minha alma.
Honestamente, avidamente,
espero que este ardil tenha sucesso.
E que do fundo mais fundo desta mina
possa vir o alento de beber do espelho.
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