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Nicolás Maduro confirma presença na posse de Lula

Entrada do presidente venezuelano no Brasil foi autorizada após Bolsonaro derrubar portaria que proíbe entrada de chavista no País
Lula e Maduro
Lula e Maduro | Foto: Reprodução

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**O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, confirmou presença na posse do presidente eleito e diplomado Luiz Inácio Lula da Silva, neste domingo (1º).** Diplomatas envolvidos nos preparativos da cerimônia relataram que o governo venezuelano já comunicou a viagem a Brasília. **A entrada do líder chavista no Brasil foi autorizada depois que o presidente Jair Bolsonaro aceitou, antes de sair do País, derrubar uma portaria conjunta dos ministérios das Relações Exteriores e da Justiça e Segurança Pública.** Editada em 2019, a norma impedia o ingresso em território brasileiro de altos funcionários do regime chavista, por causa de violações de direitos humanos.

O gabinete de transição fez uma série de gestões nos bastidores. **O Itamaraty teve postura colaborativa na operação, planejando como Maduro poderia entrar no País.** O avião de autoridades estrangeiras, em geral uma aeronave militar, precisa de aval para pouso e sobrevoo. **Diplomatas brasileiros envolvidos nas negociações cogitaram entregar convite formalmente por meio de embaixadas de países amigos ou por meio de parlamentares chavistas.**

**O convite, no entanto, era de conhecimento público, e Lula escreveu uma carta a Maduro.** Aventaram até a derrubada, já no domingo e com validade retroativa, da portaria que impedia o ingresso de Maduro. **Mas havia dúvidas sobre a validade jurídica do ato assinado por Lula nas primeiras horas do dia, antes da posse formal, e do tempo hábil para a vinda de Maduro.**

O venezuelano costuma denunciar tentativas de assassiná-lo e talvez não houvesse tempo para sua segurança preparar a chegada antes e avaliar riscos. **Além disso, poderia haver um custo político para Lula, no caso de algum questionamento legal.**

**A equipe de Lula sondou a possibilidade de a chancelaria derrubar o ato, mas ouviram que somente se Bolsonaro autorizasse.** Até o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin foi envolvido para solicitar ao Palácio do Planalto a revogação da medida. Primeiro, houve uma negativa. **Mas o presidente cedeu nas últimas horas de governo, encerradas antecipadamente na sexta-feira (30), com sua decolagem para os Estados Unidos.**

**Dificuldades**

**A revogação da portaria continuava a ser tratada entre diplomatas de alto nível, mas a vinda de Maduro já era dada como descartada, por causa das dificuldades logísticas que se anunciavam.** O ato foi publicado no Diário Oficial da União de sexta-feira, abrindo janela de dois dias para os preparativos.

**Maduro será o vigésimo chefe de Estado na posse de Lula. Entre chefes de Estado e de governo, são 31 confirmados, incluídos na lista a primeira-dama do México e vice-presidentes, além de premiês e vice-primeiros ministros. São 66 delegações estrangeiras contabilizadas.**

**O futuro governo Lula decidiu retomar relações diplomáticas com Maduro, tradicional aliado do PT, de forma imediata.** Elas haviam sido suspensas por Bolsonaro, que passou a não reconhecer a eleição do chavista e a aceitar como presidente encarregado do país vizinho o líder oposicionista Juan Guaidó, ex-presidente da Assembleia Nacional. Enviados por Guaidó foram acreditados como representantes diplomáticos da Venezuela em Brasília. **A embaixadora Maria Teresa Belandria se despediu no último dia 26, por causa da retomada de relações oficiais entre Lula e Maduro.**

O Itamaraty vai enviar um encarregado de negócios a Caracas para reativar a embaixada brasileira e os consulados espalhados pela Venezuela. **Maduro, por sua vez, já apresentou Manuel Vicente Vadell, ex-cônsul-geral venezuelano em São Paulo, como futuro embaixador.** Ele havia sido expulso do Brasil, declarado persona non grata a mando de Bolsonaro.

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