Foi em uma terça-feira, 18 de julho de 1995, que Gabrielle Jordão Portilho veio ao mundo, em Brasília. O céu que tem o traço do arquiteto já sabia que estava emprestando ao Brasil uma de suas estrelas. Apelidada de Gabi Portilho, a brasiliense de 29 anos já havia brilhado nas quartas de final do torneio olímpico de futebol feminino ao fazer o gol da classificação sobre a França, aos 39 minutos do segundo tempo, em jogada que combinou oportunismo, colocação, visão e conclusão fatal.
Nesta terça-feira (6), ela voltou a brilhar na semifinal. Diante das espanholas, campeãs do mundo no ano passado, Gabi Portilho asfaltou a estrada da final com seu gol, o segundo da partida, aos 48 minutos do primeiro tempo, ocasião em que o Brasil abria a vantagem de dois gols. Agora, a atacante do Corinthians soma dois gols, todos decisivos.
Estes são os primeiros Jogos Olímpicos da valente atacante, uma destra de 1,64m. Na seleção, veste a camisa 18, mesmo número que usa no Corinthians, time pelo qual atua desde 2020, com destaque. Lá faz parceria com o técnico Arthur Elias, o mesmo da seleção nacional. E coleciona títulos: as Libertadores da América de 2021 e 2023; os Brasileirões de 2020, 2021, 2022 e 2023; as supercopas do Brasil de 2022, 2023 e 2024; os Paulistões de 2020, 2021 e 2023; e a Copa Paulista de 2022.
Para chegar a este nível no futebol feminino, Gabi Portilho começou calçando as chuteiras da humildade em clubes de Brasília, como o Fut Art e Fluminense-DF. Em 2011, pulou para o futebol catarinense, jogando pelo Jaraguá, Joinville e Muller, no qual fez seis gols em oito jogos. No ano seguinte, 2012, acabou o Campeonato Catarinense como vice-artilheira, marcando 22 gols em 10 partidas, pelo Olympia.
Em 2013, foi para o Kindermann, sendo campeã catarinense em 2013 e 2014 e vice-campeã brasileira neste último ano. O título nacional também escaparia em 2015, quando foi vice-campeã brasileira outra vez, agora pelo São José Esporte Clube, de São josé dos Campos (SP). Acabou contratada pelo Madrid CFF, da Espanha, para jogar as temporadas 2015/16 e 2016/17, mas retornou ao Brasil após uma lesão no joelho.
Voltou ao São José e passou pelo Osasco, ambos de São Paulo. Em setembro de 2019 foi jogar no 3B da Amazônia, sendo campeã amazonense em 2019. A boa fase a levou ao Corinthians e aos títulos. Com sua velocidade e habilidade, reabriu as portas da seleção. Havia atuado nas equipes sub-17 e sub-20 e fora vencedora da Copa América de 2022.
Estava na hora de sua estrela voltar a brilhar. Fora da lista de Pia Sundhage, sueca que foi técnica da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2013, voltou a ser convocada por Arthur Elias para os Jogos Olímpicos. E não apenas correspondeu: vem sendo decisiva.
Depois de hoje, que venha o brilho do ouro para esta estrela candanga.