Durante a segunda edição do GPS|Poderes, realizada em Brasília, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins, apresentou uma visão contundente e inspiradora sobre a necessidade de modernizar e humanizar o sistema judiciário brasileiro. Para o magistrado, a chave para destravar o Poder Judiciário está no fortalecimento dos métodos alternativos de resolução de conflitos, como a conciliação e a mediação, que garantem agilidade, proximidade e paz social.
Com o tema “Destrava Brasil”, Martins foi o palestrante da noite e fez um chamado à reflexão sobre o papel do Judiciário e da sociedade na construção de um País mais justo. Ele ressaltou que os tribunais não devem funcionar como instrumentos de lentidão ou distanciamento, mas sim como ferramentas de aproximação entre o Estado e o cidadão.
Conflitos podem gerar paz, segundo Martins
Ao defender os métodos extrajudiciais, o ministro destacou que é possível buscar soluções fora da via judicial sem abrir mão da legalidade. Ele lembrou, por exemplo, da Lei 14.112/2020, que passou a permitir a conciliação antes mesmo da abertura de processos de recuperação judicial, representando um avanço especialmente no campo empresarial.
Para Martins, quando uma empresa consegue se recuperar a partir do diálogo, ela não apenas se reergue, mas ajuda a reativar a economia, preservar empregos e promover a estabilidade social.
“O objetivo maior é a paz, e ela também deve existir no ambiente empresarial”, afirmou durante a palestra.
Justiça social depende de equilíbrio econômico
Em outro ponto central de sua fala, o ministro foi enfático ao afirmar que não há justiça social possível sem estabilidade econômica. De acordo com ele, a insegurança jurídica, a imprevisibilidade nas regras do jogo e a lentidão nos processos são obstáculos reais para o desenvolvimento do país.
Ao propor um Judiciário mais eficiente, Humberto Martins reforçou que garantir segurança jurídica é também garantir oportunidades e equidade, especialmente para os mais vulneráveis. Em suas palavras, o verdadeiro dono do poder não são os magistrados, mas o próprio cidadão. “Somos apenas instrumentos. O poder pertence à sociedade.”
Uma cultura de diálogo
Mais do que mudanças estruturais, Martins apontou para a necessidade de uma mudança cultural, em que a paz deixe de ser apenas um ideal abstrato para se tornar prática cotidiana, nas relações sociais, institucionais e até mesmo políticas. Ele defendeu que a resolução de conflitos não precisa representar rupturas, mas sim caminhos para o entendimento.
“O Brasil precisa de soluções que unam. Precisamos construir um Judiciário que promova não só a justiça, mas também a reconciliação.”
O evento
O encontro reuniu 350 convidados em uma noite que aliou conteúdo, articulação institucional e hospitalidade. O GPS|Poderes, promovido pelo grupo GPS de Comunicação, se consolida como um espaço de diálogo qualificado entre representantes dos Três Poderes, setor produtivo e sociedade civil.
Ao final da palestra do ministro, os convidados acompanharam a nova campanha institucional do Governo do Distrito Federal, em parceria com a Secretaria da Mulher, dedicada ao enfrentamento da violência doméstica.
Entre as autoridades que prestigiaram o evento estavam o ministro Antônio Saldanha Palheiro (STJ); o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha; o procurador-geral de Justiça do DF, Georges Seigneur; o ex-deputado Gilvan Máximo; os magistrados Fábio Esteves, Leonardo Bessa (desembargador do TJDFT), Rossifran Souza e integrantes da Diretoria da Anamatra (Associação Nacional das Magistradas e Magistrados da Justiça do Trabalho); as juízas Cristina Sandra e Vanessa Silvério; além dos advogados Liliane Carvalho, Marcelo Sedlmayer, Fernanda Borges, Mariângela Mattia, Pedro Maciel, Marcelo Brasiel, Alexandre Freire, Marcos Joaquim, Alexandre Jobim e Eduardo Toledo.
Também marcaram presença os ex-senador Romero Jucá e o ex-deputado federal Pimenta da Veiga, reforçando o peso político e institucional do encontro.
Próxima edição confirmada
Após o sucesso das duas primeiras edições, o projeto GPS|Poderes terá novo evento em agosto, consolidando-se como uma plataforma de escuta ativa e proposição de soluções para o Brasil, reafirmando seu papel como elo entre instituições e sociedade e promovendo debates que fazem a diferença.