O empreendedorismo feminino tem ganhado cada vez mais destaque no cenário econômico global. Mulheres de diversas partes do mundo estão quebrando barreiras e conquistando espaços que antes eram predominantemente ocupados por homens, mostrando que a inovação, a liderança e a determinação não têm gênero.
No Brasil, por exemplo, o número de mulheres empreendedoras tem crescido significativamente nos últimos anos. Segundo dados do Sebrae, cerca de 30% dos negócios no país são liderados por mulheres, e muitas dessas empreendedoras estão impulsionando setores como moda, tecnologia, gastronomia e educação. Mesmo diante dos desafios, as mulheres vêm se destacando pela capacidade de adaptação e criatividade.
No nosso quadradinho, são 10,3 milhões de empreendedoras femininas, o que corresponde a 35% da população da capital federal, segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF). Ao todo, de acordo com o Sebrae-DF, 36% do total de empreendedores são mulheres e 64%, homens.
Isso mostra que, cada vez mais, as mulheres estão se tornando protagonistas em suas áreas de atuação, desafiando estereótipos e provando que podem transformar suas ideias em empresas de sucesso.
Desafios
No entanto, diversas barreiras ainda são enfrentadas pelas mulheres, como a dificuldade de acesso a crédito e investimento, preconceito de gênero, e a necessidade de conciliar a vida profissional e pessoal. Além disso, a baixa representatividade em cargos de liderança também está entre os desafios no caminho do crescimento das mulheres nos negócios.
A presidente da Câmara de Mulheres Empreendedoras da Fecomércio-DF, Beatriz Guimarães, ressaltou que além do dinheiro, a falta de rede de apoio e a crença limitante sobre a mulher não ser boa o suficiente para gerir o seu próprio negócio impactam nos dados.
“As mulheres pagam 4% a mais de juros que os homens, segundo o Banco Central, apesar de serem melhores pagadoras, segundo Serasa. Também tem a jornada tripla de trabalho, o que dificulta a dedicação aos seus negócios, a falta de rede de apoio para que ela possa se dedicar de forma mais intensa no seu negócio”, analisa.
Segundo ela, não é incomum que aconteça a violência patrimonial nesses momentos. “As mulheres têm uma crença limitante de que nós não somos boas em matemática, então, por consequência, não somos boas gestoras do nosso negócio e muitas vezes as mulheres terceirizam a gestão do seu negócio. E aí acontece o que a gente chama de violência patrimonial, que é quando a mulher é muito boa no que ela faz, na atividade fim do seu negócio, mas ela terceiriza para um irmão, para um cunhado, para um marido, para um parente ou para um sócio, a gestão financeira. Violência patrimonial que é quando você mascara a contabilidade da empresa e a mulher sendo roubada”, explica Beatriz.
“Avançamos muito, mas temos muito a avançar ainda. Quando a gente pega os dados sobre as mulheres na política, no legislativo, no executivo, no judiciário, no sistema sindical, nos conselhos de administração, mulheres como CEOs, nós temos ainda um caminho muito longo a percorrer que, segundo os dados, nós vamos levar 130 anos. A desigualdade salarial é um outro problema. Não existe equidade salarial. Temos que praticar a sororidade. A cada mulher que ocupar um cargo de liderança, puxar outras mulheres e servir de escada para que outras mulheres possam crescer”, finaliza.
Isso pode acontecer com frequência, já que muitas mulheres não apenas abrem negócios com o intuito apenas de lucrar, mas também com a missão de causar impacto social e transformar realidades. Exemplos de negócios que promovem sustentabilidade, inclusão e responsabilidade social têm ganhado força, refletindo a preocupação das empreendedoras em gerar valor.