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MST volta a invadir terras no “abril vermelho”

Das 22 invasões do ano, 21 aconteceram em abril
Foto: Manuela Hernandez/Reprodução/MST

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O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) intensificou suas ações de ocupação de terras, somando 21 invasões somente neste mês de abril, totalizando 22 ao longo de 2024, conforme dados atualizados nesta segunda-feira (15). As ocupações ocorreram em 10 estados brasileiros: Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, São Paulo e Sergipe.

As últimas ações ocorreram no domingo (14), quando o MST reocupou uma área de pesquisa da Embrapa Semiárido, em Petrolina (PE), e uma área da Codevasf também em Petrolina, utilizada pela Embrapa, além de uma área na Zona da Mata do Estado, remanescente da Usina Maravilha, que está em processo de desapropriação. O movimento alega que a área de 1,5 mil hectares é “improdutiva, ociosa e abandonada” e a reivindica para desapropriação e assentamento.

Essas invasões fazem parte da Jornada Nacional de Luta em Defesa da Reforma Agrária, conhecida como “abril vermelho”, em repúdio ao massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, em 1996. Jaime Amorim, diretor nacional do MST, declarou que o retorno à área da Embrapa se deu devido ao não cumprimento de acordo pelo governo federal.

No ano passado, após uma ocupação anterior, o governo se comprometeu a assentar as 1.316 famílias acampadas, mas nenhum dos 17 pontos acordados foi cumprido. Em resposta, a Embrapa reiterou seu compromisso com a agricultura familiar e a produção sustentável de alimentos, manifestando disposição para o diálogo e a adoção de medidas para solucionar a situação.

Essas ações ocorrem em um contexto em que o governo Lula busca se aproximar do setor agropecuário, com a possível realização de churrascos periódicos na Granja do Torto, em Brasília, como parte dessa estratégia de mudança de imagem.

Leia a nota da Embrapa na íntegra

“Na madrugada de 14 de abril de 2024, a Embrapa Semiárido teve duas áreas correspondentes a campos experimentais ocupadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Uma das áreas é a mesma que foi ocupada em 2023, onde há terras agricultáveis e de preservação do Bioma Caatinga. Nessa área, o uso contempla trabalhos de conservação e multiplicação de sementes e mudas de cultivares lançadas pela Embrapa; produção de plantas forrageiras para alimentação dos rebanhos de bovinos, caprinos e ovinos que são utilizados nas pesquisas para a pecuária do Semiárido; áreas de reserva para alimentação dos animais na forma de silos; experimentos com frutas, em particular o umbuzeiro, e outras sob irrigação; estudos relativos à diversidade das espécies da Caatinga, subsidiando estratégias de conservação e manejo; e o espaço de 20 hectares destinado à realização bianual do maior evento de agricultura familiar e tecnologias para convivência com o Semiárido, o Semiárido Show.

Esse evento disponibiliza, compartilha e promove o intercâmbio e interação de experiências e tecnologias apropriadas aos agricultores familiares da região, atingindo um público cada vez maior de produtores e sendo referência em transferência de tecnologias para a região Nordeste. Para que sua realização seja possível, a Embrapa mantém no local uma estrutura permanente, além de cultivos temporários, que são instalados meses antes do evento. O calendário regular do evento decorre da consolidação de sua importância, atraindo público de toda a Região Nordeste e do norte de Minas Gerais.

A segunda área é utilizada pela Embrapa Semiárido há mais de 40 anos em regime de comodato, sendo de posse da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). O espaço que foi ocupado pelos integrantes do MST corresponde à parte do Campo Experimental de Caatinga destinada ao manejo dos rebanhos, particularmente ao pastejo em área de vegetação natural, associado ao regime de criação extensiva.

A diversidade de usos das áreas e a rotatividade dos enfoques são normais em uma instituição de ciência e tecnologia como a Embrapa, que lida com os desafios do campo e cujo desenvolvimento de soluções requer necessariamente experimentos conduzidos em terras destinadas à pesquisa. Essa característica é fundamental para que a instituição permaneça conectada com a realidade da agricultura e da pecuária, considerando os diferentes perfis de produtores e realidades sociais e econômicas. A existência dessa infraestrutura é que nos permite a geração de tecnologias voltadas para a melhoria da qualidade de vida das populações rurais.

A Embrapa reafirma seu compromisso histórico com a agricultura familiar e com a produção sustentável de alimentos, está aberta ao diálogo e adotando as medidas cabíveis para solucionar a situação.”

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