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MP denuncia Robson Cândido e delegado por stalking e grampo ilegal

A reportagem buscou contato com as defesas, mas não obteve resposta até o momento
Robson Cândido, Foto: Renato Alves/Agência Brasília
Robson Cândido, Foto: Renato Alves/Agência Brasília

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O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) denunciou o ex-delegado-chefe da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Robson Cândido, e o ex-chefe da 19ª Delegacia de Polícia (P Norte), Thiago Peralva. A ação surge no contexto da Operação Vigia, que teve início no começo deste mês e mantém-se sob sigilo judicial.

Cândido, que está detido desde 4 de novembro, foi denunciado por crimes como grampo ilegal, stalking (perseguição) e desrespeito a medidas protetivas de urgência. O inquérito foi conduzido pelo Núcleo de Investigação e Controle Externo da Atividade Policial (NCAP), com suporte do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) e do Centro de Inteligência (CI).

O MPDFT alega que, a pedido de Cândido, Peralva inseriu o número de telefone de uma ex-namorada do ex-delegado-chefe em um processo de interceptação telefônica que investigava tráfico de drogas na 2ª Vara de Entorpecentes. O ato prosseguiu mesmo após a exoneração de Cândido de seu cargo na corporação.

As investigações sugerem que o objetivo principal era monitorar a jovem, com ligações telefônicas rastreadas como se ela estivesse envolvida em atividades criminosas. Além disso, relatos da vítima e evidências apontam que Cândido a perseguia, aparecendo nos locais que ela frequentava, especialmente em Águas Claras, onde ela reside. Para essa vigilância, delegados teriam utilizado recursos da própria corporação, incluindo viaturas descaracterizadas, celulares corporativos e carros oficiais.

A situação ganhou destaque a partir de e-mails anônimos recebidos pelo MP, sugerindo que o caso poderia ser mais sério. Os delegados teriam usado o sistema VIGIA para praticar stalking e violência psicológica contra a ex-namorada de Cândido.

A denúncia resultou na prisão de Cândido e na solicitação de prisão de Peralva, que foi afastado de suas funções e está sob restrições de contato com a vítima e testemunhas, bem como com qualquer servidor da 19ª DP ou membros do GAECO e NCAP.

O caso levou a uma reestruturação na PCDF. José Werick de Carvalho, novo delegado-chefe, promoveu mudanças em chefias de delegacias e órgãos especializados, incluindo a Corregedoria-Geral, após a aposentadoria do corregedor-geral Adval Cardoso, responsável pelas investigações contra Cândido.

A reportagem buscou contato com as defesas de Cândido e Peralva, mas não obteve resposta até o momento.