Uma companhia de dança que há 34 anos embeleza as ruas e estúdios de Brasília com o contemporâneo dos movimentos na cidade moderna. A Anti Status Quo lança, em 28 de abril, mais uma temporada, com seis apresentações no Espaço Casa, do Shopping Casa Park. Filha de Brasília, a companhia “traz consigo um importante legado na defesa da linguagem como instrumento de profissionalização artística“, segundo as próprias palavras do gerente do Centro de Dança do DF, Júnior Ribeiro.
“Há diversos bailarinos em Brasília que carregam em sua bagagem a formação na Dança Contemporânea sob a batuta da coreógrafa Luciana Lara. O grupo é uma das potentes representações da cena brasiliense no Brasil, visto que a sua trajetória não mais se limita ao Distrito Federal”, conta o gestor.
Luciana é a diretora do grupo desde o nascimento e se alegra, em pleno aos 63 anos de Brasília, com a resistência da dança, a arte e a companhia Anti Status Quo:
“Tenho a esperança que nossa atuação artística de 34 anos ininterruptos de trabalho tenha realmente contribuído de alguma maneira para a cultura brasiliense, talvez com uma postura não conformista perante a forma, a linguagem e a percepção vigentes. Talvez instaurando maneiras de ver que desacostumam o olhar e descortinam outras possibilidades de percepção do mundo. Pelo menos essa é a nossa utopia.”
A Anti Status Quo Companhia de Dança, também chamada A.S.Q. Companhia de Dança, nasceu em 1988, na capital federal. Luciana Lara está ali desde o início e traz ao grupo o teor experimental que mistura vários estilos de arte. É considerada uma companhia de laboratório de dança, onde o corpo é o objeto de estudo.
“Temos investido em uma pesquisa de linguagem que provoca e tira o público de um lugar confortável e passivo, com o intuito de gerar uma experiencia que possa instaurar uma relação intensa de sensações sobre corpo, tempo, espaço e comportamento sempre tentando gerar reflexões profundas sobre o que estamos vivendo”, explica a diretora.
Dos pés a cabeça, não só o público foi transformado pelo movimento, mas, claro, os próprios donos dos passos. A dançarina e, hoje, parte da companhia, Débora Alessandra, entrou no grupo quando ainda estudava na UnB. Fez parte do Núcleo de Formação da Anti Status Quo e participou de algumas atividades artísticas e formativas oferecidas pela companhia.
“É muito bom poder fazer parte da história de uma das companhias mais longevas e importantes da cidade, sobretudo com a oportunidade de trabalhar sempre a partir da pesquisa de novas poéticas e da investigação sobre linguagens artísticas. O trabalho da companhia geralmente está alinhado com temáticas atuais e não ignora as situações políticas e sociais que nos circundam, isso proporciona a reflexão sobre nosso contexto e nos dá, em certa medida, consciência de como fazemos parte dele”, explica.
Leandro Menezes, também dançarino da Anti Status Quo, tem experiência semelhante a da colega. Para ele existe um grande significado em dançar para a companhia, afinal são 34 anos “de produção, de criação e resistência”.
“Estar em cena com o nome da Cia tornou-se uma responsabilidade em honrar essa
trajetória, em respeitar todo o trabalho que já foi criado. Levar suas criações a outros lugares é
a chance de mostrar o que tem de potência e qualidade criado na Capital. Existe dança
contemporânea, sim, em Brasília”, reafirmou.
Nos tempos de outro do Teatro Nacional, a dança era um dos holofotes na cidade de JK. Apesar do querido espaço estar desativado há anos, os passos, os movimentos e a garra que a dança traz à capital federal não deixou de rodopiar por aí.
“Brasília é palco para a linguagem da dança, e atualmente com a crescente procura pela ocupação do Centro de Dança como espaço de formação, há uma importante difusão da linguagem na capital federal. A dança é um dos importantes pilares da cultura local como instrumento de capacitação, fruição e qualificação profissional”, finaliza Júnior Ribeiro.