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Morre Rita Lee, maior lenda do rock brasileiro, aos 75 anos

Morreu aos 75 anos a cantora Rita Lee. A artista enfrentava um câncer de pulmão há anos e nos últimos meses estava com a saúde bem debilitada. A família comunicou o óbito nesta terça-feira, 9, por meio do perfil de Rita, no Instagram. 

 

“Comunicamos o falecimento de Rita Lee, em sua residência, em São Paulo, capital, no fim da noite de ontem, cercada de todo o amor de sua família, como sempre desejou.” 

 

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Rita Lee e família haviam comemorado a cura do câncer em 2022, quando exames de rotina mostraram a remissão da doença. Depois de chamar o tumor no pulmão de “Jair”, brincadeira criada pelo marido, o músico Roberto de Carvalho, Rita causou comoção. 

 

“A cura da minha mãe me emocionou pra c…. Melhor notícia de todos os tempos. Manteve a cabeça erguida, com vontade de lutar e encarou tudo com seu bom humor habitual”, escreveu o filho Beto Lee, nas redes sociais. Ainda assim, mesmo depois da notícia, ela manteve os exames de rotina, fazendo raras aparições nas redes sociais.

 

Lembrando da sua última passagem por Brasília, novembro de 2012, a roqueira Rita Lee mostrou porque é uma das artistas mais polêmicas do Brasil. Durante um show no Green Move Festival, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, ela abaixou as calças e mostrou o bumbum para o público.

 

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Última vinda da cantora em Brasília

 

Rita aposentou-se dos palcos no mesmo ano, 2012, aos 64 anos de idade. Uma das últimas aparições à frente de uma banda foi em um show no Circo Voador, Rio de Janeiro. “Queria dizer que esse é o meu penúltimo show, mas já considero o último. É… Vou me aposentar dos palcos”, disse. Um outro foi feito dias depois, em Aracaju, Sergipe, tumultuado por uma truculenta ação policial. Depois, vieram ainda mais dois, o de Brasília e o outro no centro de São Paulo.

 

Rainha do rock brasileiro

Rita é reconhecida como a rainha do rock brasileiro. É ex-integrante do Os Mutantes (1966–1972) e do Tutti Frutti (1973–1978), bandas referenciais para o ritmo no Brasil. A cantora é parte importante da história da música brasileira, principalmente, no período da Tropicália. Rita é, ainda, reconhecida por seu jeito irreverente, independente e a ironia ácida não só em suas músicas, como também na personalidade.

 

Ovelha Negra, Mania de Você, Lança Perfume e Erva Venenosa são algumas das canções até hoje cantadas e tocadas no Brasil. Rita produziu 326 composições, 596 gravações e 44 álbuns ao longo da carreira. Ovelha Negra, de 1975, é a música mais tocada, segundo a Ecad. 

 

São 50 anos de carreira e mais de 55 milhões de discos vendidos, ainda segundo a entidade.

 

Foto: Instagram

 

A cantora deixa, além de uma legião de fãs, três filhos e o marido Roberto de Carvalho. 

 

Autobiografia

Sua autobiografia lançada em 2016, pela editora Globo, foi uma pedrada no próprio passado. Dona de uma escrita habilidosa, protegida de possíveis processos pelo verniz do sarcasmo, Rita destruiu desafetos como se usasse sua estrondosa voz impressa para, tantos anos depois, vingar-se. 

 

Ao abrirmos aleatoriamente a página 127, vejamos: “O clube do Bolinha afirmava que, para fazer rock, precisava ter culhão, e eu queria provar a mim mesma que rock também se fazia com útero, ovário e sem sotaques feministas clichê”. Em uma frase, destruiu os roqueiros cueca dos anos 1970 e as feministas de engajamento de ocasião de todos os tempos.

 

Em maio de 2023, lançou “Rita Lee – Outra Biografia”. Segundo descrição do livro, escrito pela cantora, o impresso “marcava uma despedida da persona ritalee, aquela dos palcos, uma vez que tinha me aposentado dos shows. Achei que nada mais tão digno de nota pudesse acontecer em minha vidinha besta. Mas é aquela velha história: enquanto a gente faz planos e acha que sabe de alguma coisa, Deus dá uma risadinha sarcástica”, escreveu. 

 

As parcerias ao longo dos anos

A cantora dividiu o palco com outros grandes nomes da música brasileira. Além de Caetano Veloso e Gilberto Gil, relembre outros:

 

Milton Nascimento

O clássico Mania de Você ganhou uma de suas mais belas versões na gravação do Acústico MTV de Rita Lee, lançado em 1998, graças à ilustre presença de Milton Nascimento. Na reta final da canção, Rita alterou parte da letra para brincar com o cantor, que reagiu envergonhado: “Nada melhor do que nada na cuca/Só pra deitar e rolar com Bituca”. “Bituca” é o apelido pelo qual Nascimento é conhecido por amigos.

 

Cássia Eller

Ao receber a colega no palco de seu Acústico MTV, Rita Lee definiu: “Um El Niño musical: aquela voz de trovão, uma criança maravilhosa, com cabelo azul da cor do céu, uma figura ensolarada: Cássia Eller”. Hoje, o encontro ganha uma dose extra de saudade.

 

Roberto Carlos

Em gravação para o disco Duetos 2, lançado em 2006, Rita Lee subiu ao palco de um show de Roberto para cantar ao lado do Rei. Dois gigantes da música brasileira, cada um à sua maneira, encantaram o público com um pot-pourri. Parte dos sucessos marcada na sua voz (Papai Me Empreste O Carro/Flagra/Mania de Você/Baila Comigo) e a outra parte na voz de Roberto, voltando aos tempos de Jovem Guarda (Parei na Contramão/Splish Splash/Cama e Mesa/Garota do Roberto/É Papo Firme).

 

Titãs

Rita Lee e Roberto de Carvalho fizeram participação mais que especial na música Televisão durante uma apresentação do grupo Titãs, em uma de suas formações mais conhecidas, em 1997. O encontro foi exibido pela TV Cultura. A música com Rita também faz parte do disco Acústico MTV da banda. No ano seguinte, os artistas voltaram a dividir o palco no Acústico de Rita Lee, cantando Papai Me Empresta O Carro.

 

Paula Toller

O Acústico MTV de Rita Lee também contou com Paula Toller, do Kid Abelha, dividindo os vocais da música Desculpe O Auê.

 

Pitty

“Um dia eu estava dando uma zapeada… ‘O que é isso? Quem é essa menina? Deve ser gringa!’ E não era, cantava em português, bem pra caramba. Bonita, uma roupa bacana, uma super banda. Fiquei tão feliz, mas tão feliz que falei: ‘Meu Deus! Senhor! Essa menina já nasceu sabendo! Queria que vocês recebessem com o maior carinho a minha ‘filha’, Pitty”.

Com essa introdução, Rita Lee chamou ao palco a então promessa do rock, em 2004. À época, a baiana despontava como um dos nomes promissores do rock nacional, graças ao seu disco de estreia, Admirável Chip Novo (que tomou as rádios com músicas como Teto de Vidro, Equalize, Semana que Vem, Máscara e a faixa título).

Combinando nas roupas pretas e nos cabelos vermelhos, a dupla cantou Esse Tal de Roque Enrow.

 

Zélia Duncan

A música Pagu, do álbum 3001, foi uma parceria com Zélia Duncan. A dupla chegou a apresentar a canção ao vivo em algumas ocasiões, como na gravação do MTV Ao Vivo de Rita Lee.

 

Caetano Veloso

No ano 2000, mesmo em que lançou o álbum 3001, gravou um show especial para ser exibido na Band. Entre os convidados estava Caetano Veloso, “o eterno Merlin da música brasileira”, segundo a própria. A dupla cantou o clássico da Jovem Guarda Eu Sou Terrível.

 

Fernanda Takai

No mesmo especial, a vocalista do Pato Fu se juntou a Rita para cantar a música O Amor em Pedaços. A parceria faz parte da versão original da música em estúdio.

 

Com auxílio de informações do jornal Estadão*

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