O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), anunciou a prorrogação por mais 90 dias do inquérito das milícias digitais, que também investiga negociações envolvendo joias sauditas recebidas pelo governo brasileiro durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A Polícia Federal foi informada da autorização para estender o período de investigação.
A decisão do ministro Moraes vem após Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, firmar um acordo de delação premiada com autoridades policiais. Esse acordo já foi homologado por Moraes, que é o relator do inquérito.
Mauro Cid está detido desde 3 de maio, ou seja, há mais de quatro meses, e o acordo de delação premiada pode trazer benefícios significativos em seu processo. Ele forneceu informações substanciais e indicou provas que, na avaliação dos investigadores, corroboram as declarações feitas durante duas semanas de depoimento.
A partir da delação de Mauro Cid, a Polícia Federal planeja lançar novas ações e solicitar autorização para realizar diligências, incluindo buscas e apreensões, bem como eventuais novas quebras de sigilo de suspeitos.
Os investigadores passaram os últimos dias analisando os depoimentos do militar, os elementos fornecidos por ele e considerando novas linhas de investigação que podem surgir no caso relacionado à venda das joias sauditas no exterior. Além disso, Cid forneceu informações sobre a alegada invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e fraude no cartão de vacinação do ex-presidente Bolsonaro e de familiares.
As investigações em curso no Brasil sugerem que parte das pedras preciosas sauditas doadas ao governo brasileiro foi objeto de uma operação para tentar escapar da fiscalização. Essa tentativa visava incorporar as joias ao patrimônio pessoal de Bolsonaro e outros envolvidos.
As pedras preciosas, presenteadas pelo governo da Arábia Saudita, foram apreendidas no Aeroporto de Guarulhos. A investigação também abrange outros itens de alto valor que deveriam fazer parte do acervo presidencial. Conforme a legislação, esses presentes deveriam ser incorporados ao acervo da União, uma vez que foram entregues durante agendas internacionais e, portanto, são de propriedade da República e não para uso pessoal.
Um dos objetos em questão, um relógio Rolex de alto padrão, foi vendido nos Estados Unidos durante uma viagem do ex-presidente Jair Bolsonaro. A PF identificou que o relógio foi adquirido posteriormente, quando os acusados temeram que o Tribunal de Contas da União (TCU) determinasse a devolução dos presentes para que fossem guardados pela União.