O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu, na segunda-feira (6), encaminhar à Polícia Federal o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigar os R$ 17,2 milhões recebidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) através do sistema de transferências instantâneas, o Pix. A investigação visa esclarecer se os envolvidos no inquérito das milícias digitais fizeram doações para o ex-chefe do Executivo.
Bolsonaro, que é um dos investigados no caso das milícias digitais, agora enfrenta uma análise mais profunda sobre as doações financeiras feitas a ele. O pedido da PGR foi embasado em elementos que justificariam a investigação das doações ao ex-presidente.
Alexandre de Moraes acatou o pedido e determinou que a Polícia Federal tome as medidas necessárias.
“A análise dos indícios e provas produzidas em razão das diligências investigativas realizadas pela Polícia Federal [no âmbito do inquérito das milícias] aponta a existência de uma verdadeira organização criminosa (…) com a nítida finalidade de atentar contra a Democracia e o Estado de Direito”, disse.
Segundo informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Bolsonaro recebeu um montante de R$ 17,1 milhões por meio do Pix entre 1º de janeiro e 4 de julho deste ano, envolvendo 769 mil transações. O dinheiro teria sido enviado para auxiliar o ex-presidente a pagar multas judiciais e, posteriormente, foi investido em fundos de renda fixa.
Em resposta, Bolsonaro apresentou extratos bancários ao STF em 24 de agosto, e seus advogados enfatizaram que a apresentação foi voluntária, solicitando sigilo nos autos.
O pedido de investigação teve origem nos pedidos dos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Fabiano Contarato (PT-ES), Jorge Kajuru (PSB-GO) e da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que, embora tenham iniciado o processo, foram encaminhados pela PGR à Polícia Federal.