Em entrevista à publicação norte-americana The New Yorker, veiculada na segunda-feira (7), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, declarou que não acredita na possibilidade de Jair Bolsonaro (PL) voltar ao poder, mesmo que seja absolvido nos processos criminais em curso.
Segundo ele, as condenações eleitorais do ex-presidente o mantêm inelegível, sem perspectiva de reversão no STF. Moraes foi o personagem de um perfil assinado pelo jornalista investigativo Jon Lee Anderson.
“É possível que Bolsonaro seja absolvido no processo criminal, porque o julgamento está apenas começando. Mas ele tem duas condenações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que resultaram em inelegibilidade. Ambos os casos foram apelados e agora estão no STF. Somente o Supremo poderia revertê-los — e não vejo a menor possibilidade de isso acontecer”, disse Moraes.
O magistrado ainda comentou a possibilidade de Michelle Bolsonaro ou um dos filhos do ex-presidente disputarem a Presidência da República com seu apoio político. No entanto, destacou que nenhum deles tem a mesma influência junto às Forças Armadas que Bolsonaro cultivou durante seu mandato.
Na mesma entrevista, Moraes rejeitou as alegações de perseguição política por parte de Bolsonaro e seus aliados.
“A responsabilidade de cada pessoa agora tem que ser determinada no tribunal, porque é quando apresentarão sua defesa. Mas toda a narrativa de perseguição, a alegação de inimizade pessoal, tudo isso entrou em colapso, porque não foi apenas a Polícia Federal que os acusou — o próprio procurador-geral decidiu prestar queixa”, afirmou.
No fim de março, a Primeira Turma do STF aceitou a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e tornou Bolsonaro réu, junto a outros sete aliados, sob a acusação de articular uma tentativa de golpe de Estado para anular o resultado das eleições de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Moraes também é o relator do inquérito do golpe de 8 de janeiro, que apura os atos golpistas e as articulações por trás das invasões às sedes dos Três Poderes, em Brasília.