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Moradores de Barra do Sahy dizem não ter recebidos alertas

Bairro da cidade de São Sebastião foi o mais castigado pelas chuvas que caíram no litoral norte de São Paulo

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**Moradores da Barra do Sahy, um dos bairros de São Sebastião mais afetado pelos temporais no litoral norte paulista, relataram que não receberam qualquer tipo de alerta para o risco de deslizamento por causa das fortes temporais na região no último fim de semana.** O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) informou que previu com três dias de antecedência os temporais e avisou à Defesa Civil Nacional e às defesas civis locais. **“Alerta mesmo fomos, nós, da comunidade: ‘corre que o morro está descendo’”**, conta Wagner de Oliveira, morador do bairro e que ajudou no resgate de vítimas.

Em entrevista coletiva na última segunda-feira (20), **o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto, disse que a administração municipal emitiu alertas** a partir das 21h de sábado (18), quando começaram as chuvas na cidade. No entanto, **a prefeitura não divulgou alerta prévio sobre as chuvas na madrugada de domingo.** O primeiro alerta foi publicado na conta da prefeitura no Twitter às 7h de domingo, após temporal. A Agência Brasil questionou a prefeitura sobre como os alertas foram emitidos e aguarda resposta.

**Remoção**

Desde a manhã desta quarta-feira (22), moradores da vila estão deixando suas casas para se abrigar na casa de parentes e em escolas. **Uma decisão da Justiça**, atendendo a pedido do governo do estado e da prefeitura, **autorizou a remoção de todas as pessoas que vivem em áreas de risco** no município.

A faxineira Valdineia Gonçalves aceitou deixar a casa onde vive e se abrigar em uma escola. **Moradora do bairro há dois anos, ela pensa em retornar a Bahia, sua terra natal, depois dos momentos de terror vividos nos últimos dias.** “Acordei com o barulho. Os vizinhos batendo na minha porta. Aí, peguei as crianças, que estavam dormindo. Fomos para pista, tentar pedir socorro com a lama aqui [faz o gesto na altura do peito]”, lembra. Ela conta que, mesmo com todo o momento de desespero, manteve a família unida. “Passou quase todo mundo nadando. Eu segurando minha filha de um lado e o meu filho do outro”,

Agenilson de Jesus, que é conterrâneo de Valdineia, diz que também pensa em voltar ao Nordeste depois de ter perdido a casa e os documentos na tragédia. “Estava dormindo e acordei com aquele monte de gente gritando, desesperada. Aí, eu peguei o celular, porque já estava sem energia em casa, para acender a lanterna. Quando eu abri o portão, já veio aquele monte de lama, carro descendo”. **Para se salvar, ele subiu na laje do imóvel e pulou quando sentiu que tudo vinha abaixo.** “Eu tive que pular, a casa começou a desmoronar”.

Apesar do risco de permanecer no local, Wagner de Oliveira diz que não vai deixar a casa onde vive com a mãe, o pai e sete irmãos. “A casa, foram muitos anos para conquistar. Não foi de um dia para o outro. Você não pode simplesmente sair por sair”. (Agência Brasil)