**O terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente vai começar com uma participação feminina recorde na Esplanada dos Ministérios**, se considerado todo o período pós-redemocratização, ou seja, desde 1985. **Com a montagem das pastas finalizada, estão confirmados os nomes de 11 mulheres no primeiro escalão do governo.** O número supera o recorde anterior de Dilma Rousseff (PT), que assumiu a Presidência em 2011 com nove ministras.
**”Estou feliz porque nunca antes na história do Brasil nós tivemos tantas mulheres ministras. Nunca antes tivemos uma indígena ministra”, afirmou Lula**, que fez questão de enfatizar a presença feminina no governo. O futuro presidente, que toma posse neste domingo, dia 1º, ao citar a presença indígena, fez uma referência direta a Sonia Guajajara, deputada federal pelo PSOL de São Paulo que assumirá a pasta dos Povos Indígenas.
**Na quinta-feira, foram apresentadas também Marina Silva (Meio Ambiente), Simone Tebet (Planejamento), Daniela do Waguinho (Turismo) e Ana Moser (Esporte).** Além delas, o petista ainda prometeu que vai escolher mulheres para presidir a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. Os nomes, no entanto, não foram antecipados.
**Durante o governo do atual presidente Jair Bolsonaro, no máximo três mulheres foram ministras ao mesmo tempo**, quando Flávia Arruda era a chefe da Secretaria de Governo, Tereza Cristina comandava a Agricultura e Damares Alves estava à frente da pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. **Em abril de 2021, Bolsonaro vetou um projeto de lei que visavam combater a desigualdade salarial entre homens e mulheres.** Lula prometeu que vai retomá-lo.
**Críticas superadas**
**Há três semanas, quando anunciou os primeiros cinco nomes de ministros, o futuro presidente foi alvo de críticas nas redes sociais por não ter divulgado a escolha de nenhuma mulher naquele momento.** No dia 9, foram tornadas públicas as indicações de Fernando Haddad (Fazenda), Flávio Dino (Justiça), José Múcio Monteiro (Defesa), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Rui Costa (Casa Civil). **Na ocasião, Lula disse que ia “chegar a hora em que vocês vão ver mais mulheres e mais companheiros afrodescendentes em pé aqui”.**
**Dias depois, o petista, então, apresentou a cantora Margareth Menezes (Cultura), a socióloga e atual presidente da Fiocruz, Nísia Trindade (Saúde), a economista Esther Dweck (Gestão), a presidente do PCdoB, Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), a jornalista Anielle Franco (Igualdade Racial) e a ativista Cida Gonçalves (Mulheres). **
**Grandes desafios**
Enquanto Lula enfatizou a questão de gênero nas declarações, as mulheres escolhidas destacaram o trabalho que terão em suas áreas de comando. **”Agradeço a confiança depositada por Lula, para, juntos com a nossa mobilizada sociedade, enfrentarmos o grande desafio de resgatar e atualizar a agenda socioambiental perdida”, escreveu Marina, em rede social.**
**Ana Moser assumirá o Esporte, pasta que será recriada.** De acordo com a medalhista olímpica, em uma publicação em rede social, ela recebeu a “missão de garantir o direito de todos ao esporte”. **”Este foi o pedido: fazer uma revolução do esporte na educação, na saúde, nos municípios e na vida de todas e todos os brasileiros.”**
Já Daniela do Waguinho, também em uma rede social, afirmou que não faltarão “empenho, dedicação e garra”. **”A pasta do Turismo é essencial para o nosso país e para a nossa economia. Temos um grande desafio pela frente.**”
Mesmo com o número recorde de mulheres, todos os ministérios que funcionam no Palácio do Planalto e trabalham diretamente com Lula serão ocupados por homens. Os petistas Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais), Marcio Macedo (Secretaria-Geral), Rui Costa (Casa Civil), e o general Gonçalves Dias (Gabinete de Segurança Institucional) serão os ministros palacianos. Homens vão comandar 26 pastas.