Caso seja reeleito, Trump prometeu taxar 100% dos países parceiros comerciais da China. O Brasil envia 80% de nossas extrações em minério para a Ásia, e 70% para a China. Os minerais são uma forte moeda de guerra e são trocados por apoio militar no tabuleiro global, especialmente entre Estados Unidos e Ucrânia.
O Brasil tem 90% das reservas mundiais minerais é um manancial estratégico nesse cenário de transição energética. A pergunta natural nessa escalada tarifária é: O Brasil deveria usar seus minerais estratégicos como arma para negociar com Trump nesse primeiro momento tarifário?
Procurado pela segunda vez pelo representante norte-americano nos últimos meses Gabriel Escobar, que sinalizou interesse americano em minerais críticos brasileiros, o diretor-presidente do Instituto Nacional de Mineração (IBRAM), Raul Jungmann, afirmou que o Brasil não tem base legal para firmar acordos com os EUA no tema de minerais críticos estratégicos.
‘Como a Constituição prevê que o subsolo dos minerais pertence à União, então essa conversa é privativa do governo federal (…) . Olha, vai doer muito. Espero que isso não venha a acontecer’, comentou Jungmann sobre o risco de taxação em 100% do mineral brasileiro.
O Instituto Nacional de Mineração (IBRAM) é responsável especialmente no fornecimento de minerais considerados estratégicos para a transição energética, como lítio, grafite, níquel, cobre, cobalto e terras raras, importantes na produção de baterias, veículos elétricos, painéis solares e turbinas eólicas, impulsionando a transição para fontes de energia mais sustentáveis.
Nióbio, Lítio e Urânio
Os EUA não são o maior consumidor do nióbio brasileiro. Estão em quarto lugar, com cerca de 7% das exportações, atrás de China, Holanda e Coreia do Sul, nessa ordem, e empatados com Cingapura, afima Julio Nery, diretor de assuntos minerários do IBRAM.
Por ser resistente e ter baixa densidade, o nióbio é um dos elementos cobiçados, porque permite a construção de estruturas fortes, porém mais leves, ideal para o desenvolvimento da tecnologia espacial.
O volume menor de exportação para os EUA se deve ao fato de que a maior aplicação do nióbio hoje é na indústria siderúrgica — e a grande produção global de aço está concentrada na Ásia, especialmente na China, destino de 44% dos embarques brasileiros em 2024 com praticamente 80% das aplicações destinadas ao setor siderúrgico para a fabricação de aços usados, por exemplo, em automóveis e na construção civil, diz Hugo Sandim, professor da Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo (EEL-USP).
No senado, o seminário “Políticas de Minerais Críticos e Estratégicos no Brasil” será composto de duas partes. Na primeira, os senadores vão debater o tema “Desenvolvimento Econômico e Transição energética”. Devem ser convidados o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e a ex-senadora Kátia Abreu (TO), além de representantes do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) e das empresas Sigma Lithium e Vale.
Do urânio, o isótopo 235U é o combustível primário em reatores nucleares, onde ocorre a fissão nuclear controlada, liberando calor que é usado para gerar eletricidade. E o lítio é um componente chave em baterias recarregáveis de íons, amplamente utilizadas em dispositivos eletrônicos como celulares, laptops e carros elétricos.