Reconhecida nacionalmente como um centro de decisões políticas, Brasília também é um verdadeiro museu a céu aberto, oferecendo aos moradores e turistas diversas opções culturais. Seus monumentos e espaços democráticos, criados desde a inauguração da capital federal, em 1960, carregam história, cultura e memórias afetivas dos brasilienses, o que motivou as autoridades a restaurar essas lembranças.
Desde 2018, durante a gestão de Ibaneis Rocha (MDB), o Governo do Distrito Federal (GDF) tem promovido a recuperação e modernização de vários desses locais emblemáticos, com o objetivo de devolvê-los aos brasilienses, preservando sua história e tornando-os novamente acessíveis ao público.
Entre os espaços revitalizados estão a Casa de Chá da Praça dos Três Poderes, a Torre e a Feira da Torre de TV, o Museu de Arte de Brasília (MAB), a Sala Martins Pena do Teatro Nacional, a Concha Acústica do Lago Paranoá, a Piscina de Ondas do Parque da Cidade (em fase final de obras) e, mais recentemente, a Rodoviária do Plano Piloto.
A recuperação desses espaços é um reflexo do esforço do GDF para devolver à cidade sua rica memória cultural. O investimento e o compromisso político da gestão estadual têm sido essenciais para reverter o abandono desses importantes monumentos, garantindo que continuem a fazer parte da vida dos brasilienses por muitos anos.
Casa de Chá: símbolo reconhecido mundialmente
A Casa de Chá da Praça dos Três Poderes reabriu recentemente após passar por uma revitalização completa. Administrado pelo Senac-DF em parceria com o GDF, o local manteve sua tradicional programação de café-escola, formando novos profissionais e atendendo ao público que busca a vista privilegiada para o centro das decisões políticas do País. A reabertura foi marcada por grande sucesso, com cerca de 480 visitantes no primeiro dia. Recentemente, a Casa de Chá foi incluída no livro 150 Tea Houses You Need to Visit Before You Die, da jornalista britânica Léa Teusher, consolidando Brasília no cenário gastronômico mundial.
Concha Acústica: palco musical do Brasil
Projetada por Oscar Niemeyer e inaugurada em 1969, a Concha Acústica sempre foi um dos principais pontos de encontros culturais de Brasília. O espaço já recebeu shows históricos de artistas como Roberto Carlos, Djavan, Gilberto Gil e Rita Lee, além de abrigar os primeiros eventos do festival Porão do Rock. Com capacidade para cinco mil pessoas, o local passou por reformas e, em 2021, foi reaberto, oferecendo uma programação acessível aos brasilienses. Hoje, a Concha Acústica integra um complexo cultural da cidade para promover ainda mais interação cultural e artística entre moradores e turistas que estão de passagem pela cidade.
Museu de Arte de Brasília: presente que retorna ao público
Fundado em 1985, o Museu de Arte de Brasília (MAB) abriga um acervo com mais de mil obras de renomados artistas brasileiros, como Tarsila do Amaral e Cildo Meireles. Após 14 anos fechado devido a problemas estruturais, o museu passou por uma revitalização completa e foi reinaugurado em abril de 2021, durante as comemorações do aniversário de Brasília daquele ano. O MAB agora conta com uma infraestrutura moderna, oferecendo um espaço para exposições e atividades culturais voltadas para toda a população.
Piscina de Ondas: a espera está chegando ao fim
Uma das mais nostálgicas memórias daqueles que viveram em Brasília na década de 1980, a Piscina de Ondas do Parque da Cidade, fechada desde 1997, está prestes a ser entregue ao público. Com um investimento de R$18,2 milhões do GDF, a reforma inclui brinquedos aquáticos, área infantil e um rio lento para atrair o público que lembra a importância do cartão-postal na fase áurea de Brasília. O governo do Distrito Federal promete transformar novamente o espaço em um dos principais pontos de lazer de Brasília. Recentemente autorizada após questionamentos dos órgãos de controle, a obra foi liberada e a previsão é que a inauguração ocorra ainda neste ano.
Feira e Torre de TV: um novo olhar para o turismo
A Feira da Torre de TV também faz parte da revitalização do GDF, com investimentos de até R$ 10 milhões para modernizar sua infraestrutura e atrair mais turistas e visitantes. Já a Torre de TV passou por melhorias em parceria com o Banco de Brasília (BRB), incluindo a inauguração do restaurante Mezanino, que oferece uma gastronomia sofisticada e uma vista panorâmica da capital, que inclui a consolidação do Jardim Burle Marx, com espelhos d’água e cascatas, aguardado há quase cinco décadas.
Rodoviária do Plano Piloto: concessão e modernização
Sempre alvo de críticas dos usuários, a Rodoviária do Plano Piloto também passará por transformações após a concessão ser aprovada pela iniciativa privada. O contrato, assinado em abril de 2024, prevê um investimento de R$120 milhões em modernização, melhorias na infraestrutura e na segurança, além da implementação de um centro de controle operacional. Entre as mudanças, estão a regulação dos ambulantes, a criação de espaços comerciais e a cobrança para o uso de estacionamentos próximos ao local. O terminal passou por uma reforma questionada em 1994, durante a gestão de Cristovam Buarque, mas sofre com a manutenção desde então. O GDF garante que não haverá aumento no preço das passagens até o fim de 2026 e que os trabalhadores informais serão cadastrados para garantir a continuidade das atividades que já exerciam.
Teatro Nacional Claudio Santoro: um ícone de volta à vida
Fechado por mais de uma década, o Teatro Nacional Claudio Santoro, um dos ícones arquitetônicos de Oscar Niemeyer, está cada vez mais próximo de recuperar o protagonismo na cena cultural e artística de Brasília. O complexo começou a ser construído em 1960, mas a entrega definitiva ocorreu apenas em 1981. Contudo, em 2014, teve as portas fechadas pelo Corpo de Bombeiros (CBMDF) por não cumprir determinações, especialmente de acessibilidade e segurança. Foram constatadas mais de cem irregularidades na época. Com investimento de R$70 milhões, oriundos do GDF, a esperada reabertura da Sala Martins Pena saiu do papel no fim de 2024 e, agora, já é reconhecida como uma das mais modernas do mundo. Recentemente, decisão do Tribunal de Contas do DF (TCDF) autorizou a retomada da licitação para as obras de reforma e restauro do foyer da Sala Villa-Lobos, do Espaço Cultural Dercy Gonçalves e da Sala Alberto Nepomuceno, os quais integram a segunda, das três etapas previstas no cronograma. O plano de revitalização total do Teatro Nacional prevê um investimento de R$315,6 milhões. Depois da Martins Pena, a próxima etapa contemplará a aguardada recuperação da Sala Villa-Lobos, com capacidade para 1,4 mil pessoas.
*Matéria originalmente publicada na edição 42 da Revista GPS|Brasília