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Projetos da CasaCor investem no conceito de neuroarquitetura

Trata-se de uma linha arquitetura voltada para o bem-estar mental e físico proporcionado pela decoração
Espaço Ventre (Fotos: Ailane Silva)

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Projetar ambiente que proporcionam conforto mental e emocional são aspectos que ganham destaque na neuroarquitetura, um conceito explorado na 31 edição da CasaCor, que teve como tema principal Corpo & Morada. Para entender melhor essa ideia, são espaços que simplesmente te fazem sentir bem por ter uma iluminação que tenta transmitir mais proximidade com a luz do sol, ao invés daquela coloração branca. Pode ser também um ambiente que te faz relembrar memórias afetivas ou experiência de vida.

Um dos projetos que reflete bem esse conceito é o Espaço Ventre, das arquitetas Luciana Câmara e Adriana Melo. A ideia das designers era representar o ventre materno como a primeira morada do ser humano, por isso, é um espaço mais acolhedor, intimista e repleto de formas orgânicas e texturas tanto no revestimento quanto no mobiliário. A ideia foi trabalhar com formatos curvos, até mesmo os radapés, para dar a sensação de ser abraçado ao entrar no local.

“Exploramos elementos que remetem ao ventre materno, esse espaço de acolhimento, uma morada de proteção. Então, a gente fez um espaço com muitas características orgânicas. É um espaço que tem uma cor de carne e totalmente curvo. Os móveis também foram pensados em formas orgânicas. E a gente criou esse espaço para uma persona, uma mulher adulta, uma mulher culta, uma mulher bem resolvida, mas que tem o seu momento de fragilidade”, contou Luciana Câmara.

Segundo ela, a arquitetura, além usar a biofilia, que se trata do uso das plantas, ela também aplicou a arquitetura wabi-sabe, que é a busca de elementos assimétricos e formas imperfeitas. “A gente tem imperfeições e existe beleza nisso. A própria natureza traz as mais diversas formas. Então, o que mais marca esse estilo é o trabalho manual. E eu vejo muita beleza no que é natural”, conta.

 

Já o espaço São Geraldo 40 anos trouxe vários ambientes que trabalham a afetividade para celebrar a história da marca e homenagear os funcionários da empresa, inclusive, foi montada uma galeria com fotos dos colaboradores. Todos os ambientes aldo são sensoriais, têm o seu próprio som, aroma e brincam com o visual, a textura e todos os sentidos.

 

Na entrada do espaço, tijolos artesanais simbolizam a fundação e o começo dos 40 anos da São Geraldo. Depois, há um ambiente chamado de Persistência. Ele foi projetado intuitivamente para ser desconfortável misturando azulejos das cores preto e branco, que causam uma confusão visual, assim como o ato de persistir. Chamado de Inovação, a terceira área traz pastilhas prata e bronze que refletem as imagens de um telão, trazendo a sensação de inovação.

No último ambiente da São Geraldo, chamado de relacionamento, foi montada uma sala com vários sofás com o uso de tons neutros e fluidos para trazer esse conforto. Ao caminhar no ambiente, spots de luz vão acendendo em direção ao visitante para demonstrar que ele é o foco do relacionamento.

Criado a partir da história de vida da arquiteta Flávia Cristina, o espaço Tekoá envolve muita arquitetura afetiva, que é aquela que tem significado. Pode conter móveis da família, objetos herdados ou lembrancinhas de uma viagem. Assim, Flávia quis retratar na decoração itens que lembram os avós, que moram às margens do Delta do Parnaíba, em uma ilha de pescadores. Assim, o artesanato nordestino é exposto em um quadro bordado de bilro produzido pelas rendeiras de Ilha Grande (PI). Também ganham vez no espaço os cestos em palha de carnaúba. As pareces de tijolos vermelhos aparentes remetem ao método construtivo usado pela família à época e uma mesa de jantar em vidro reflete as águas do rio, com desenho autoral da designer.

 

Outro espaço que promove o bem-estar por intermédio das plantas é o da Casa Intter, de Vivian Maia. Ela criou uma versão de um apartamento de 189m². Para cada comodo, ela escolheu peças com referências em memórias afetivas e em tendências contemporâneas. Muitos dos objetos foram produzidos por artistas locais.

“Eu trouxe para o apartamento tudo que foi baseado no tema Corpo & Morada por intermédio de lembranças, começando pela a paleta de cor, que foi definida em terracota, que lembra literalmente a terra, o calor, o acolhimento. A gente também utilizou tecidos para poder vestir o apartamento. Na entrada, o objetivo foi realmente investir em plantas naturais para trazer a natureza para dentro do espaço, assim como a gente fez também com a pintura do mural em aquarela na entrada”, disse.

 

O Home Pub também teve como ponto forte o uso da biofilia. Trata-se de um living de 125m² feito pela Rysc Arquitetura. O espaço conta com um loft na área gourmet integrado à sala de jantar e ao home cinema. Além das plantas, o ambiente usa madeira, pedras naturais e concreto – em uma combinação de formas ortogonais e orgânicas.