Exposto pela última vez em 2002, o conjunto de obras do pintor francês Pierre-Auguste Renoir presente no acervo do Museu de Arte de São Paulo (MASP) volta às paredes do edifício no dia 28 de março. Cinco ensaios sobre o MASP — Renoir apresenta 12 pinturas e uma escultura do artista, seleção que abrange praticamente toda a carreira do francês.
Com curadoria de Fernando Oliva, curador do MASP, a exposição apresenta as pinturas em suportes individuais, desenvolvidos pela arquiteta Juliana Godoy com o intuito de criar um diálogo com os icônicos cavaletes de cristal de Lina Bo Bardi e com a história do museu.
Ainda, a mostra usa como referência as travas que fixam as obras nos cavaletes de vidro, e mantém a proposta de apresentar as legendas na parte posterior das telas, convidando o visitante a passear pelo espaço.
Entre as obras expostas está a famosa Rosa e azul – As meninas Cahen d’Anvers (1881), que retrata Elisabeth e Alice, filhas do banqueiro Louis Cahen d’Anvers (1837–1922), uma família pertencente à comunidade judaica do século XIX.

Pierre-Auguste Renoir, Rosa e azul – As meninas Cahen d’Anvers, 1881. Acervo MASP
A história da obra se destaca pelo destino trágico de Elisabeth, que foi enviada para Auschwitz, na Polônia, durante a Segunda Guerra Mundial e morreu a caminho do campo de concentração, aos 69 anos. O fato foi relatado por seu sobrinho, Jean de Monbrison, durante a exposição de obras do MASP realizada na Fondation Pierre Gianadda, em 1987, na Suíça.
O período em que o quadro foi pintado é conhecido como “obra tardia de Renoir” e foi influenciado por uma viagem à Itália, em 1881, em que teve contato com mestres renascentistas como Rafael e Ticiano.
As principais características dessa fase são as pinturas em tons pastéis, sem contornos firmes e sobreposição de cores puras, que podem ser observadas em Banhista enxugando a perna direita (c. 1910) e Banhista enxugando o braço direito (grande nu sentado) (1912). O tema das banhistas, aliás, abordado por Renoir desde o início de sua carreira, como na tela A banhista e o cão griffon – Lise à beira do Sena (1870), tornou-se central em sua produção até sua morte, em 1917.

Pierre-Auguste Renoir, A banhista e o cão griffon – Lise à beira do Sena [Bather with a Griffon Dog – Lise on the Bank of the Seine], 1870. Acervo MASP
A exposição apresenta, ainda, sua única escultura adquirida pelo museu, Vênus vitoriosa (Venus Victrix) (1916), produzida no período em que o artista sofria de artrite reumatoide severa e, por conta das limitações, tinha o auxílio do jovem artista Richard Guino (1890–1973).
As obras de Renoir foram adquiridas pelo MASP durante o “período das grandes aquisições”, quando, entre o final da década de 1940 e o início dos anos 1950, o diretor-fundador do edifício, Pietro Maria Bardi (1900–1990), incorporou ao acervo trabalhos de artistas do cânone europeu, em sua maioria italianos e franceses.
Tal fato conferiu ao museu o mais importante acervo de arte europeia do Hemisfério Sul, sendo que a coleção de Renoir constitui o maior número de trabalhos de um único artista dentre as pinturas europeias do acervo da instituição.

Pierre-Auguste Renoir, Retrato da condessa de Pourtalès [Portrait of the Countess of Pourtalès], 1877. Acervo MASP

Pierre-Auguste Renoir, Menina com as espigas [Girl with Flowers], 1888. Acervo MASP

Pierre-Auguste Renoir, Dama sorrindo (Retrato de Alphonsine Fournaise) [Lady Smiling (Portrait of Alphonsine Fournaise)], 1875. Acervo MASP
Quem foi Renoir
Nascido em Limoges, na França, em 1841, Pierre-Auguste Renoir foi um dos principais pintores do movimento impressionista francês e ganhou notoriedade por suas pinturas de cores vibrantes, caracterizadas pelo uso de luz e cor, pinceladas fluidas e uma atenção especial à figura humana, especialmente em cenas de cotidiano e retratos.
Ele começou sua carreira como aprendiz de pintor de porcelana, mas logo se dedicou à pintura em tela, desenvolvendo um estilo que evoluiu do impressionismo ao realismo. Ainda na juventude conheceu Claude Monet (1840–1926), quando frequentava ateliês e estudava na École de Beaux-Arts de Paris. Com Camille Pissarro (1830–1903) e Alfred Sisley (1839–1899), formaram o primeiro núcleo dos impressionistas que renovou a técnica e os temas da pintura da época.
Contudo, diferentemente de seus colegas – que estavam mais preocupados em captar a sensação visual produzida pelo motivo ao ar livre –, Renoir se interessou mais pela representação humana nos diversos retratos que pintou, muitos de famílias da elite francesa.
Serviço
Cinco ensaios sobre o MASP – Renoir
Local: 5° andar, Edifício Pietro Maria Bardi – Avenida Paulista, 1510, Bela Vista
Visitação: 28 de março a 3 de agosto de 2025
Horários: terças grátis, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta e quinta das 10h às 18h (entrada até as 17h); sexta das 10h às 21h (entrada gratuita das 18h às 20h30); sábado e domingo, das 10h às 18h (entrada até às 17h); fechado às segundas
Agendamento online obrigatório pelo site
Ingressos: R$ 75 (inteira) e R$ 37 (meia-entrada)