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Marina toma posse com meta de recuperar 12 milhões de hectares degradados

Em cerimônia concorrida, ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática diz que governo Bolsonaro "destruiu a pauta ambiental"

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A **ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva**, afirmou nesta quarta (4) durante cerimônia de posse no Palácio do Planalto, que o Brasil **tem como meta recuperar 12 milhões de hectares de áreas degradadas**.

>”_Em vez de destruir e contaminar, será reflorestar e recuperar áreas degradadas. O Brasil honrará todos seus compromissos nacionais e internacionais. Não faremos transição energética da noite para o dia. Não faremos economia de baixo carbono da noite para o dia. Se as pessoas querem produtos de base sustentável, aqui será o endereço. Só os negacionistas não reconhecem agenda ambiental_”, disse.

Marina retorna ao cargo após 14 anos em um processo de retomada da aliança com o presidente Lula. A ministra rompeu com o PT em 2008, em meio a divergências com a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, a respeito de licenças ambientais para os programas do governo federal.

**Acordo UE-Mercosul**

Marina disse que defenderá e atuará internamente para que o Brasil consiga finalizar o acordo comercial do Mercosul com a União Europeia (UE). **Após 20 anos de costura, o tratado foi fechado entre os blocos durante o governo de Jair Bolsonaro**. Precisa, no entanto, ainda ser ratificado pelos parlamentos da UE e do bloco do Sul.

Alegando descontentamento com a coordenação do Brasil em relação à área ambiental, **o processo travou** na Europa. Para interlocutores do governo de Bolsonaro, no entanto, essa questão era usada apenas como uma cortina de fumaça para que os países do continente, em especial a França, mantivessem políticas agrícolas protecionistas em seus países.

O Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, registrou no fim do ano passado que **a UE, após a vitória de Lula, está disposta a formalizar um documento extra ao acordo** com o compromisso do Brasil de avançar no combate ao desmatamento para voltar a agilizar o processo. A avaliação é a de que se trata de um tema que não terá respostas rápidas.

Marina disse, nesta quarta, que precisará de apoio de outros países com recursos financeiros e ajudar de várias áreas para tornar as questões ambientais algo possível para o Brasil.

**Destruição**

A agora ministra Marina Silva afirmou que a pauta ambiental foi destruída no governo Jair Bolsonaro.

“_A situação foi tão grave que houve reconhecimento até pelo STF Supremo Tribunal Federal, com uma série de comandos judiciais para reverter algumas situações_”, disse.

Segundo Marina, é urgente a retomada de conselhos de participação social e a estrutura do **Conama** será revisada em 45 dias.

“_Nada foi mais emblemático do que essa atitude do presidente fazer restabelecer os conselhos de participação social e ambiental_”, declarou.

Boiadas

Marina Silva afirmou, durante a cerimônia de posse, estar ciente de que **todos reivindicam um novo momento na gestão ambiental do Brasil**. Marina é uma das protagonistas do setor em todo o mundo e aproveitou o momento para fazer críticas indiretas e diretas ao governo anterior, de Jair Bolsonaro.

“_Este Palácio foi palco de vários atos contra o meio ambiente, contra interesses estratégicos do Brasil_”, disse. “_Os anos que se passaram foram de um completo desrespeito_”, continuou citando vários grupos de pessoas e áreas ambientais. Sem mencionar um de seus antecessores, o ex-ministro Ricardo Salles, Marina comentou que “_boiadas se passaram onde deveriam se passar políticas de proteção ambiental_”.

A ministra mencionou também que órgãos reconhecidos pela população, como Ibama e ICMBio, foram **fragilizados** e a política de mudança do clima, desmontada. “_O Brasil era uma potência ambiental e virou um pária. Agora voltaremos a cuidar do tema com a devida importância_”, prometeu.

Marina voltou a citar a promessa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o tema será tratado por todas as áreas do governo de forma transversal. **Ela comentou que o aumento do nome do ministério deve-se à urgência da mudança climática em todo o mundo** e avaliou que os países mais ricos se mostraram incapazes de lidar com mudanças climáticas e que os mais pobres são prejudicados. “_O governo brasileiro não se furtará de assumir liderança nacional e internacional na área climática. A governança climática será tratada com transversalidade_”, salientou.