Quantas vezes você acordou cansada, mesmo depois de dormir? Quantas vezes disse “sim” querendo dizer “não”? Ou chorou escondida no carro, no banheiro, no meio do dia? Eu já fiz todas essas coisas. E, por muito tempo, achei que era só comigo.
Foi lendo o novo livro da Thirza Reis que entendi: não estou sozinha. Aliás, somos muitas! Basta! Liberte-se da exaustão e da culpa e faça sua vida C.A.B.E.R. é o título. Levei comigo nas férias. Li do jeito que mais gosto: com calma, com um marca-texto na mão e muita reflexão entre uma página e outra. A cada capítulo, era como se ela estivesse me olhando nos olhos e dizendo: “não é só com você”.
“É a partir do lugar da mulher que tentou dar conta de tudo (e falhou) que escrevi. O livro começou quando eu mesma adoeci. Tive uma crise de ansiedade. Não conseguia dormir. Precisei me ouvir em voz alta para entender o que estava acontecendo comigo”, conta Thirza.
A obra nasceu dessa travessia íntima, entre colapso e consciência. Mas o livro não é sobre ela. É sobre todas nós. Sobre um sistema que nos empurra para um ideal inatingível de força, produtividade e perfeição. “A gente normalizou a exaustão. A correria virou status. Mas isso não é normal, é normose. E está adoecendo a gente.”

Thirza Reis, mais de vinte anos de experiência no cuidado com a saúde mental e no desenvolvimento de mulheres em posições de liderança (Foto: divulgação)
A coragem de tirar a capa
Thirza é psicóloga, mentora de líderes e certificada pelo programa de Brené Brown, com mais de vinte anos de experiência no cuidado com a saúde mental e no desenvolvimento de mulheres em posições de liderança.
“Se nós, mulheres, somos as que mais estamos sofrendo, então somos nós que precisamos nos erguer para começar o processo de transformação”, propõe. E essa transformação começa com cinco letras: C.A.B.E.R.: Coragem, Autoconhecimento, Balancear, Empatia e Recomeço.
Ao longo dos capítulos, a autora nos convida a olhar com mais honestidade para as armaduras que vestimos, os escudos emocionais que muitas de nós carregamos sem perceber. “Mapeei sete escudos da Mulher-Maravilha. Todos eles precisamos desconstruir. O problema não é o medo ou a vergonha. O problema é a armadura, os escudos que insistimos em usar na tentativa de se proteger. Achamos que eles nos protegem, mas, na verdade, eles são parte importante do problema.”
E como faz sentido. Estamos sempre tentando provar que damos conta, quando no fundo o que sentimos é um cansaço que beira o indizível e, por vezes, transborda para exaustão e para o esgotamento. “E quando junta a maternidade aí é que a coisa escala. Esperam que a gente tenha filhos como se não tivéssemos trabalho, e trabalhe como se não tivéssemos filhos. Essa conta não fecha.”
Durante a nossa conversa, Thirza fala muito da sua obra como “um livro-colo”. Basta! não chega com metas, checklists ou comandos de alta performance. Ele oferece acolhimento e, ao mesmo tempo, incita reflexões profundas que apontam para a possibilidade de sair deste automático para um caminho de mais presença, escolhas conscientes e leveza.
“Quero que quem leia sinta esperança e saiba que é possível voar sem se esgotar. Que pode se escutar com generosidade, com autocompaixão e respirar. Que é possível recomeçar, com coragem. E se dar um colo necessário.”
Uma lamparina, não um holofote
Uma das metáforas mais bonitas que a Thirza trouxe na nossa conversa foi a da lamparina (e ela é capa do livro!): “Minha proposta com o livro não é que ele seja um holofote, que ilumina e clareia tudo, mas sim uma lamparina, que ilumina o suficiente para o próximo passo. E se está na sua mão, você está segura e sempre terá a luz necessária.”
Isso ficou na minha cabeça. Às vezes a gente acha que precisa enxergar o todo, ter todas as respostas, resolver tudo ao mesmo tempo. Mas aprendi com o livro que isso é uma ilusão. A ilusão do controle. Thirza afirma: “não precisamos de nada disso. Precisamos da clareza de poucas coisas (nossos valores, nosso inegociáveis, nosso posicionamento). É disso que se constitui a nossa lamparina e ela emana a luz suficiente para dar o próximo passo com confiança. E seguir.”
Algumas coisas que aprendi com a leitura:
- Você não é fraca por estar cansada. Você só é humana, e provavelmente sobrecarregada. Reconhecer isso já é um ato de coragem e autoconhecimento.
- Dizer “não” pode ser o maior ato de amor por você mesma. Colocar limites não é egoísmo. É maturidade emocional.
- Você não precisa se provar o tempo todo. Nem para os outros, nem para você.
- O recomeço pode ser pequeno e ainda assim poderoso. Uma mudança de rotina. Um novo pensamento. Um passo de cada vez, à luz da sua própria lamparina.
- Você merece se incluir na sua própria vida. A sua história importa. E você não precisa se apagar para que os outros brilhem.
Se você está no limite (emocional, físico ou existencial) talvez esse livro seja sua próxima leitura. Ele não resolve tudo, nem tem essa pretensão. Mas talvez ele te abrace, te acalme e te ajude a se reconectar consigo mesma. E, às vezes, isso já é tudo que você precisa para dar o próximo passo.
Serviço
Basta! Liberte-se da exaustão e da culpa e faça sua vida C.A.B.E.R.
Autora: Thirza Reis – @thirzareisoficial (colocar hiperlink: https://www.instagram.com/thirzareisoficial/)
Editora: Literare Books
Disponível na Amazon