A senadora Mara Gabrilli (PSD-SP) manifestou indignação, nesta terça-feira (27), após os ataques verbais sofridos pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante uma audiência na Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado Federal. Para Mara, o episódio escancara o machismo estrutural ainda presente nos espaços de poder e representa uma ofensa a todas as mulheres.
“Minha solidariedade à ministra Marina Silva. Há 30 anos, em seu primeiro mandato como senadora, cargo que ocupou por 16 anos, ela era respeitada por sua trajetória, sua firmeza e seu compromisso com o meio ambiente. Hoje, aos 67 anos, ministra de Estado, foi convidada para uma audiência no Senado e, lamentavelmente, sofreu ataques misóginos e machistas. Isso não é apenas falta de educação. É reflexo de um machismo estrutural que insiste em nos calar”, afirmou a senadora.
Durante a audiência, que tinha como pauta as unidades de conservação no estado do Amapá, a ministra Marina Silva foi interrompida por parlamentares da oposição e acabou se retirando do plenário após falas consideradas ofensivas.
O senador Marcos Rogério (PL-RO) pediu que a ministra “se colocasse no seu lugar”, enquanto o senador Plínio Valério (PSDB-AM) afirmou:
“A senhora, como mulher, merece respeito. Como ministra, não merece”.
A declaração gerou indignação e levou à saída de Marina da reunião como forma de protesto. Em entrevista coletiva após o tumulto, a ministra afirmou:
“Fui chamada para mostrar tecnicamente que as unidades de conservação propostas não afetam o empreendimento licenciado. Eu me senti agredida fazendo o meu trabalho”.
Apesar da situação, Marina Silva reforçou que continuará aberta ao diálogo institucional, desde que haja respeito mútuo.
“Eu não fui convidada por ser mulher. Fui convidada por ser ministra. Dei a chance de que o senador pedisse desculpas. Como ele se negou, eu me retirei. O que não pode é alguém achar que, porque você é mulher, preta, com trajetória humilde, pode determinar onde devemos estar. O meu lugar é onde todas as mulheres devem estar”, destacou.
A repercussão do episódio gerou manifestações de apoio de parlamentares e entidades da sociedade civil, que classificaram as falas como misóginas e discriminatórias.
“Quando uma mulher como ela é tratada assim, todas nós somos atingidas. Não basta abrir espaços de poder para mulheres; é preciso respeitar nossa presença, nossa história, nossa voz”, concluiu Mara Gabrilli.