“O pós-parto é um momento extremamente delicado e, ao mesmo tempo, muito poderoso para a mulher”, revela a nutricionista Poliana Soares. Após passar por uma verdadeira revolução – física, hormonal e emocional -, o organismo precisa se recuperar e se adaptar, e a alimentação é uma grande aliada nessa jornada.
O parto, seja normal ou cesárea, é um processo que exige muito do corpo humano e, por isso, é essencial garantir o consumo de proteínas de boa qualidade, como ovos, frango, peixe, carne magra, queijos frescos, leguminosas bem preparadas (lentilha ou grão-de-bico), tofu e até proteína vegetal combinada com cereais integrais, especialmente se a mãe for vegetariana. “Esses alimentos ajudam na cicatrização, manutenção da massa magra e regeneração dos tecidos”, explica Poliana.
Ela reforça, também, que é fundamental repor o ferro (carnes vermelhas magras, fígado, gema de ovo, leguminosas e vegetais verde-escuros, como couve e espinafre) e o zinco (castanhas, sementes de abóbora, carnes e frutos do mar), que contribuem para a imunidade e a recuperação do corpo.
Além disso, ela explica que a alimentação influencia diretamente na regulação hormonal e emocional. “O puerpério é um período de muitas oscilações”, destaca, e nutrientes como magnésio (cacau puro, sementes, abacate e vegetais verde-escuros), ômega-3 (salmão, sardinha, sementes de chia e linhaça), vitamina D (com destaque para exposição solar e, em menor grau, gema de ovo, fígado e peixes gordurosos), e vitaminas do complexo B, especialmente a B12 (carnes, ovos, leite, queijos e, em dietas veganas, com suplementação), ajudam a equilibrar o humor, melhorar a disposição e reduzir o risco de depressão pós-parto.

Alimentos ricos em magnésio | Foto: reprodução/Lev
A nutricionista chama a atenção, ainda, para a produção de leite. “Amamentar exige um gasto energético elevado, por isso uma dieta com boa densidade nutricional é importante”, detalha. Assim, além das proteínas, é essencial garantir o ácido fólico (folhas verdes, feijão, abacate, brócolis, gema de ovo e sementes), que participa da renovação celular e também beneficia o bebê por meio do leite.
Para o suporte ósseo e neuromuscular, alimentos ricos em cálcio (vegetais verde-escuros, gergelim, tahine, iogurtes naturais, tofu, chia) e magnésio são grandes aliados, além de contribuírem para o relaxamento muscular e a melhora do sono. “A hidratação também merece destaque”, relembra Poliana. “Água, água de coco, infusões suaves e caldos ajudam a manter uma boa produção de leite e evitam fadiga”, afirma.
Há, no entanto, certos alimentos que podem – e devem – ser evitados no período pós-parto, como ultraprocessados, ricos em aditivos químicos, corantes, conservantes, açúcares escondidos e óleos refinados.
“Todos esses contribuem para um estado inflamatório e podem interferir tanto na saúde da mãe quanto na composição do leite”, revela. “A cafeína deve ser consumida com moderação, e o álcool, idealmente, evitado durante todo o período da amamentação”, alerta.
Por fim, ela ressalta a importância de aliar os exercícios físicos a uma boa alimentação. “Assim que o médico liberar, retomar uma atividade física leve, como uma caminhada ou alongamento, associada a uma alimentação com pratos coloridos, ricos em vegetais e proteínas”, destaca. “É uma forma poderosa de manter o metabolismo ativo, a imunidade fortalecida e o bem-estar geral da mãe, que influencia diretamente o do bebê também.”
“Mais do que buscar o ‘corpo de antes’, esse é um momento de nutrir, fortalecer e se acolher com gentileza. Alimentar-se bem é um ato de autocuidado, e também um grande gesto de amor com o bebê”, conclui.