Milhares de pessoas foram às ruas neste domingo (30) em diversas cidades do Brasil para protestar contra a possibilidade de anistia aos envolvidos na tentativa de golpe do dia 8 de janeiro de 2023. O maior ato ocorreu em São Paulo, onde manifestantes exigiram punição tanto para os responsáveis pela depredação dos três Poderes quanto para lideranças políticas associadas ao ataque, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Manifestação em São Paulo
Convocado por centrais sindicais e movimentos sociais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a União Geral dos Trabalhadores (UGT), a Frente Brasil Popular e o Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), o protesto na capital paulista teve início na Avenida Paulista. Os manifestantes seguiram até o antigo prédio do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi), símbolo da repressão durante a ditadura militar.
Para Lenir Correia, que participou do ato, conceder anistia aos golpistas seria um incentivo para novas tentativas de ruptura democrática. “Ele [Bolsonaro] agiu contra o Brasil. Estamos aqui para combater essa injustiça”, afirmou. Outro manifestante, Sada Shimabuko, destacou que discutir anistia significa contrariar os princípios democráticos. Já Emmanuel Nunes reforçou a necessidade de que os envolvidos sejam julgados conforme o processo legal. “Se o Legislativo votar a anistia, poderemos ter uma crise entre os poderes. O recado das ruas precisa ser ouvido”, pontuou.
Mobilização no Rio de Janeiro
Na capital fluminense, o domingo foi marcado por ações de conscientização e convocação para um grande ato unificado na terça-feira (1º). Grupos percorreram pontos estratégicos da cidade, como a Feira da Glória, o Museu da República e a Praia de Copacabana, distribuindo panfletos e adesivos contra a anistia.
Para Sérgio Santana, membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, a questão transcende divisões partidárias. “Esse é um debate que envolve pessoas de direita, centro e esquerda. O que está em jogo é a defesa da democracia”, afirmou. Regina Toscano, do Núcleo Resistência do PT, destacou que a luta também é pela preservação da memória histórica e contra qualquer forma de ditadura e tortura.
O protesto unificado na terça-feira (1º) terá um percurso simbólico: os manifestantes caminharão do antigo Departamento de Ordem Política e Social (Dops) até a sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). O ato também marca os 60 anos do golpe militar de 1964, reforçando a conexão entre os eventos históricos e a necessidade de manter viva a luta pela democracia.
Outras capitais também registraram atos
Embora com adesão menor, outras capitais também tiveram manifestações contra a anistia. Em Brasília, manifestantes se reuniram no Eixão Norte. Já em Belo Horizonte, Fortaleza, São Luís, Belém, Recife e Curitiba, mobilizações ocorreram em pontos estratégicos.
As manifestações reforçaram a necessidade de justiça para os responsáveis pelos atos de 8 de janeiro, defendendo que qualquer tentativa de golpe contra o Estado Democrático de Direito não pode ficar impune.