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Lula se encontra com parlamentares e se emociona ao falar sobre a fome

Presidente eleito afirmou que deseja diálogo constante com o Congresso e quer Brasil "protagonista na geopolítica mundial"

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O **presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva** se reuniu nesta quinta-feira (10) com parlamentares das **bancadas aliadas** e disse que quer manter diálogo aberto com o Congresso Nacional e com todos os partidos políticos. Lula esteve pela primeira vez no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, onde funciona o **gabinete de transição**.

“_Cada deputado pode ficar certo que vamos conversar com o Congresso Nacional. O Congresso tem todos os defeitos que cada um de nós têm, mas esse país era muito pior quando tinha o Congresso fechado_”, disse, em referência ao período da ditadura militar. “_É melhor um debate nervoso das divergências nossas, do que o silêncio profundo do medo da baioneta que esse país já enfrentou_”, completou.

Lula reforçou, novamente, que a definição dos nomes que coordenarão a transição não significa a ocupação de cargos ou de ministérios no próximo governo e pediu a colaboração de todos no envio de **propostas e ideias**. “_Se alguém quiser contribuir, mandar proposta, por favor, não se sintam excluídos porque não estão na lista de pessoas que estão participando da transição_”, disse aos parlamentares. “_Cada partido tem um papel importante, estamos começando um processo_”, completou.

Na quarta-feira (9), Lula teve **encontros** com os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), além dos ministros do Supremo Tribunal Federal e do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. “_Estamos aqui para provar que queremos estabelecer um diálogo entre os partidos políticos_”, disse, destacando que também manterá a porta aberta para entidades e movimentos sociais.

![Lula deve viajar na próxima segunda-feira para o Egito, onde participa da COP27 (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/Marcelo_Camargo_Agencia_Brasil_Lula_24_15eedf0a0d.jpg)

O presidente eleito afirmou ainda que quer garantir estabilidade, credibilidade e previsibilidade ao Estado brasileiro e que **o Brasil voltará a ser protagonista na geopolítica mundial**. Na segunda-feira (14), Lula viaja ao Egito, onde participa da Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), e já tem conversas bilaterais agendadas.

**Fim da fome**

**Lula se emocionou ao falar sobre o retorno da fome do Brasil** e reafirmou que essa pauta será prioridade no seu governo. “_Se quando eu terminar esse mandato cada brasileiro estiver tomando café, almoçando e jantando outra vez, eu terei cumprido a missão da minha vida_”, disse. “_O fato é que jamais esperava que a fome voltasse nesse país. Quando deixei a Presidência da República imaginava que nos 10 anos seguintes esse país estaria igual a França, Inglaterra, teria evoluído do ponto de vista das conquistas sociais_”, completou.

Para o presidente eleito, **o Brasil, como terceiro maior produtor de alimentos do mundo e maior produtor de proteína animal, pode garantir comida na mesa dos brasileiros**. “_Falta compromisso dos governantes com isso que é essencial. Por que as mesmas pessoas que discutem com seriedade o teto de gasto, não discutem a questão social desse país?_”, questionou, afirmando que também terá uma **política fiscal responsável**.

**Manifestações**

Durante seu discurso, Lula ainda falou direto aos manifestantes que estão nas ruas, “_inconformados com o resultado eleitoral_”, e pediu que voltem para casa, **aceitem a democracia**. Segundo ele, o seu governo será “_para todos_”. “_Democracia é isso, um ganha e outro perde, é assim em qualquer política_”, disse, lembrando que perdeu três eleições para presidente antes de ser eleito em 2002.

Ele citou o relatório divulgado na quarta-feira (9) pelo Ministério da Defesa sobre as urnas eletrônicas e disse que o dever de **auditar e fiscalizar as eleições é da sociedade civil, dos partidos políticos e do Congresso Nacional, não das Forças Armadas**. O documento traz observações e conclusões sobre o sistema eletrônico de votação, conforme as atribuições que foram dadas pelo TSE às entidades fiscalizadoras.

No ofício em que pede que as sugestões dos militares sejam aceitas, o **ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira**, cita pontos técnicos que podem ser corrigidos, como investigação da compilação do código-fonte do sistema e a análise minuciosa dos códigos binários executados nas urnas.

Nesta quinta-feira, o ministério da Defesa divulgou uma **nota** “_com a finalidade de evitar distorções do conteúdo do relatório_”. Segundo o ministério, “_o acurado trabalho da equipe de técnicos militares na fiscalização do sistema eletrônico de votação, embora não tenha apontado, também não excluiu a possibilidade da existência de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022_”. Conforme a **Defesa**, o relatório indicou “_importantes aspectos_” que demandam esclarecimentos.