O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu nesta quinta-feira (17) às recentes críticas feitas pelo governo dos Estados Unidos, em especial pelo presidente norte-americano, Donald Trump. Em discurso durante o 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (Conune), em Goiânia, Lula afirmou que não aceitará imposições externas.
“Não é um gringo que vai dar ordem para este presidente da República”, declarou, em referência direta a Trump.
Durante o evento, Lula afirmou que o governo brasileiro tem buscado resolver a crise comercial com base no diálogo, conduzido pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
“Quando o cara truca, a gente tem que escolher: eu corro ou grito ‘seis’ na orelha dele. Eu estou jogando. O Brasil gosta de negociação”, afirmou.
Ainda em seu discurso, o presidente classificou Jair Bolsonaro e o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), apontado como um dos articuladores das medidas norte-americanas, como traidores do País.
“Eles agora têm que ser tratados por nós como os traidores da história desse país, do século 21. Ele que tenha vergonha, se esconda da sua covardia e deixe esse país em paz, porque eles não tiveram nenhuma preocupação com os prejuízos que essa taxação vai trazer ao povo brasileiro, que vai trazer à indústria, à agricultura, aos serviços, ao salário do povo, nenhuma preocupação”, criticou.
Tarifas e acusações dos EUA
O embate entre os dois países se intensificou após o governo Trump anunciar, na última quarta-feira (9), a aplicação de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. A medida foi acompanhada da abertura de uma investigação formal contra o Brasil pelo Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR), sob a alegação de práticas comerciais desleais.
Segundo o embaixador de comércio norte-americano, Jamieson Greer, as críticas se concentram no uso do Pix, classificado como um entrave ao comércio digital e aos serviços de pagamento eletrônico, além da venda de produtos falsificados.
Em carta enviada ao governo brasileiro, Trump indicou que as tarifas seriam uma retaliação pelas ações do Supremo Tribunal Federal (STF) contra Jair Bolsonaro, a quem chamou de vítima de uma “caça às bruxas”. Segundo Lula, a mensagem norte-americana foi direta: “Ou dá, ou desce”, resumiu. Ele também afirmou que Trump só teria deixado de aplicar as tarifas caso Bolsonaro não fosse preso.
O governo federal tem articulado medidas para mitigar os impactos da sobretaxa. Alckmin lidera conversas com empresários e parlamentares para discutir possíveis reações amparadas na Lei da Reciprocidade Econômica. A prioridade, segundo interlocutores do Planalto, é preservar a soberania nacional e proteger os setores produtivos mais afetados.