O filme Jurado nº 2 é brilhantemente produzido e dirigido por Clint Eastwood, do alto de seus 95 anos. Esse titã da indústria cinematográfica provavelmente entrega o último filme de sua carreira. A ideia de justiça na narrativa aparece de uma forma plena, clara, sob os olhos de um juíz, uma promotora, um advogado e um corpo de jurados. Mas, é sutilmente colocada em cheque. Como assim? Esse é exatamente o segredo do filme.
Eastwood consegue fazer de uma situação simples, uma questão tão profunda que acaba por nos colocar em duvida, e consequentemente na impossibilidade de fazer nosso próprio julgamento sobre o caso. Os atores estão bem alinhados sob a direção precisa de Eastwood. O diretor consegue transmitir toda emoção e angústia expressadas na indecisão que acomete os personagens que circulam pelo tribunal.
Dou destaque para a interpretação do ator Nicholas Hoult (o protagonista Justin), que numa atuação contida nos deixa “ler” em seu semblante toda dor e angustia que vai num crescendo durante o decorrer do julgamento. Destaco, também, a excelente atuação de Tony Collette no papel da promotora Faith. Nos dois primeiros atos ela faz um personagem apenas unidimensional. À medida que a narrativa avança, sutilmente Faith passa a perceber que as coisas não são tão óbvias como aparecem nos autos. As convicções tornam-se frágeis quando muitos outros fatores entram em cena.
E, para nós, fica uma pergunta: o que faríamos no lugar de Justin?
O final de Jurado n° 2 traz uma das mais intensas cenas de que eu me lembre da cinematografia atual. Sem palavras, os olhares revelam todo o impacto de um dilema ético, social e moral.