O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou a possibilidade de ligar para Trump, presidente dos Estados Unidos, para negociar a tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras.
Lula afirmou que não hesitará em conversar com o Trump, mas no momento, não vê possibilidade para esse diálogo. “No dia em que minha intuição disser que Trump está pronto para conversar, não hesitarei em ligar para ele”, disse Lula em entrevista à agência Reuters. “Mas hoje minha intuição diz que ele não quer conversar. E eu não vou me humilhar” ressaltou.
Tarifaço
O tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros decretado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, passou a vigorar a partir desta quarta-feira (6). A medida, assinada pelo republicano, adiciona uma sobretaxa de 40% aos 10% já existentes e foi oficializada após acusação formal de que o governo brasileiro representa uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia americana”.
Trump também argumenta que a decisão foi motivada por uma “perseguição” judicial de Moraes contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de planejar um golpe de Estado e que está em prisão domiciliar por ter, segundo o ministro, ter descumprido medidas cautelares impostas pela Suprema Corte.
Além, disso, de acordo com o decreto, decisões judiciais brasileiras estariam afetando empresas e cidadãos norte-americanos. A Casa Branca cita ainda pontos como “perseguição política, intimidação, assédio, censura e processos judiciais” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, classificando essas ações como “graves abusos de direitos humanos” e o enfraquecimento democrático do Brasil.
Entre os produtos que ficaram de fora da nova tarifação estão aeronaves civis, petróleo, suco de laranja, fertilizantes, veículos e itens energéticos. A lista de exceções contém quase 700 produtos.
A Casa Branca afirma que a medida busca proteger os princípios constitucionais dos EUA. O caso do blogueiro Paulo Figueiredo, residente nos Estados Unidos e processado no Brasil por declarações feitas em solo americano, foi citado como exemplo de violação à liberdade de expressão.
“O presidente Trump está defendendo empresas americanas contra extorsão, protegendo cidadãos americanos contra perseguição política, salvaguardando a liberdade de expressão americana contra censura e protegendo a economia americana de ser sujeita a decretos arbitrários de um juiz estrangeiro tirânico”, afirma a nota da Casa Branca.
A ordem também revoga os vistos americanos dos ministros Alexandre de Moraes, Luis Roberto Barroso, Edson Fachin, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também foi incluído. Ficam fora da lista os ministros André Mendonça, Nunes Marques e Luiz Fux.
O presidente Lula afirmou na terça-feira (5) que não pretende fazer contato com Trump para discutir o comércio bilateral, mas pretende convidá-lo para a COP.
“Eu não vou ligar para o Trump para comercializar porque ele não quer falar. Mas eu vou ligar para o Trump para convidá-lo para a COP, porque quero saber o que ele pensa da questão climática”, disse.
Negociações entre os dois países continuam travadas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que tentará agendar uma reunião com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, ainda nesta semana. A intenção é preparar um eventual encontro entre Lula e Trump.