O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quinta-feira (12), não ter sido eleito para “fazer benefício para rico”. A fala ocorreu durante cerimônia destinada a anunciar avanços do Acordo Rio Doce, em Minas Gerais, onde o petista cumpre agenda.
Na ocasião, Lula defendeu que os ricos têm direito a R$ 860 bilhões em isenções fiscais e uma “sina desgraçada de que pobre tem que nascer e morrer pobre”.
“Eu não fui eleito para fazer benefício para rico. Eu quero que eles ganhem o que eles têm direito. Eu não quero impedir que eu bote as pessoas mais pobres na escola, eu não tive escola e oportunidade. Eu quero garantir que o filho de uma empregada doméstica possa disputar a mesma vaga na universidade que o filho da patroa dela, e que vença o melhor” disparou o presidente.
“Clima muito desagradável”
Durante o evento, o presidente também fez críticas ao que chamou de “clima muito desagradável” na Câmara dos Deputados. Ainda que sem citar nomes, a afirmação foi direcionada ao bate-boca envolvendo os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e Carlos Jordy (PL-RJ) e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante audiência na Casa, nessa quarta (11). “Há uma certa raiva no ar. Há um certo desconforto entre a humanidade, há muita intriga, há muito ódio, há muito xingamento”, disse.
“Tem senador, aqui tem deputado… mesmo na Câmara é um clima muito ruim, tem deputado que não quer falar, ele só quer pegar o celular, olhar na cara dele, falar uma bobagem e passar para frente. As pessoas estão aprendendo a viver de mentiras. Todo mundo aqui sabe, a verdade engatinha, a mentira voa”, prosseguiu o petista.
Na audiência, os deputados bolsonaristas criticaram o aumento de impostos e acusaram o governo de promover uma “gastança” sem resultados. Haddad reagiu chamando a postura dos opositores de “molecagem” e os acusou de fugir do debate. A fala gerou resposta inflamada do deputado Carlos Jordy (PL-RJ), que chamou o ministro de “moleque” e comparou o governo petista a uma pandemia.
Tensão entre Poderes
A declaração do presidente ocorre em meio a um verdadeiro embate entre o Executivo e o Legislativo, amplificado pelas discussões que envolvem a proposta governista de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
A medida é defendida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como uma forma de recompor a base fiscal do Estado e cumprir as metas orçamentárias estabelecidas, sem a necessidade de cortes drásticos de gastos.
A proposta, contudo, encontra forte resistência no Congresso Nacional. Mais cedo, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), voltou a dizer que a Casa pretende derrubar o decreto do governo federal que aumentou o IOF.
“Conforme tenho dito nos últimos dias, o clima na Câmara não é favorável para o aumento de impostos com objetivo arrecadatório para resolver nossos problemas fiscais”, disse o deputado nas redes sociais.