Após a deflagração da Operação Tempus Veritatis, pela Polícia Federal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta quinta-feira (8), esperar que o rigor da lei seja aplicado contra aqueles que atacaram a democracia, ao financiar os acampamentos que culminaram na tentativa de golpe do dia 8 de janeiro de 2023. Além do ex-presidente Jair Bolsonaro, são investigados diversos militares que integraram o governo, como os generais Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Walter Souza Braga Netto, o ex-ministro da Casa Civil; Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa.
É muito difícil um presidente da República comentar sobre uma operação da Polícia Federal que ocorre em segredo de justiça. Espero que não ocorra nenhum excesso e seja aplicado o rigor da lei. Sabemos dos ataques à democracia. Precisamos saber quem financiou os acampamentos.…
— Lula (@LulaOficial) February 8, 2024
A declaração, publicada no X (ex-Twitter, foi um recorte de trecho da entrevista concedida por Lula à Rádio Itatiaia. “Obviamente que tem muita gente envolvida. Acho que tem muita gente que vai ser investigada, porque o dado concreto é que houve uma tentativa de golpe, houve uma política de desrespeito à democracia”, continuou o presidente, defendendo a investigação de quem financiava os acampamentos.
“Eleição democrática a gente perde e a gente ganha. Quando a gente perde, a gente lamenta, quando a gente ganha, a gente toma posse e governa o País. O cidadão que estava no governo não estava preparado para ganhar, não estava preparado para perder e não estava preparado para sair”, criticou, dizendo que Bolsonaro “deve ter participado da construção dessa tentativa de golpe”.
“Não teria acontecido sem ele. O que eu quero é que o seu Bolsonaro tenha a presunção de inocência que eu não tive”, concluiu o presidente.
Os comentários de Lula se referia à operação da Polícia Federal, que cumpre 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva, além de 48 medidas cautelares que incluem a proibição de manter contato com outros investigados, a proibição de se ausentar do País, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e a suspensão do exercício de funções públicas.
Os mandados de prisão cumpridos pela Polícia Federal são para Felipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro; os coronéis Bernardo Romão Correa Neto e Marcelo Costa Câmara; e o major Rafael Martins de Oliveira. Outros alvos da operação são, além dos generais Augusto Heleno, Braga Netto e Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, o major da reserva Ângelo Martins Denicoli; o coronel reformado do Exército Aílton Gonçalves Moraes Barros; o coronel Guilherme Marques Almeida; o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima; o tenente-coronel Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros; o almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha; o general Mário Fernandes; o general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército; o general de Brigada reformado Laércio Vergílio; o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres; o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto; e Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho.
As medidas judiciais foram expedidas pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, que também mandou apreender o passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro. A operação da Polícia Federal foi deflagrada após o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, ter fechado acordo de colaboração premiada com investigadores. O acordo foi enviado à Procuradoria-Geral da República (PGR) e já recebeu a homologação do STF.
Também pelo X, o advogado de Bolsonaro, Fábio Wajngarten se manifestou.
Em cumprimento às decisões de hoje, o Presidente @jairbolsonaro entregará o passaporte às autoridades competentes.
Já determinou que seu auxiliar direto, que foi alvo da mesma decisão, que se encontrava em Mambucaba, retorne para sua casa em Brasília, atendendo a ordem de não…— Fabio Wajngarten (@fabiowoficial) February 8, 2024